A auxiliar de enfermagem Deise Faria Ferreira, de 41 anos, está desaparecida desde sábado (11) quando participou de um ritual da seita religiosa Santo Daime, em uma chácara, em Goiânia. Segundo integrantes do grupo, a mulher ficou perturbada e saiu correndo da propriedade após tomar o chá da substância alucinógena ayahuasca.
Cerca de dez pessoas estavam na chácara para o ritual, na noite de sábado. Caseiro da propriedade, Paulo Afonso conta que um homem o procurou para perguntar se ele havia visto a auxiliar de enfermagem. “Tinha um senhor de idade procurando ela. Eu falei: “Aqui pra cima não tem mulher, aqui é a minha casa’”, disse o caseiro.
A família de Deise só foi comunicada do desaparecimento quase 24 horas depois de ela ter sido vista pela última vez. De acordo com a irmã da auxiliar de enfermagem, Keila Faria, na noite de domingo (12), um homem a informou do ocorrido e entregou o carro dela.
As buscas começaram na tarde de segunda-feira (13). No mesmo dia, algumas peças de roupa de Deise foram encontradas em uma ribanceira próxima à chácara. “A gente trabalha com todas as hipóteses. Até essa pessoa ser encontrada, a gente vai apoiar a família e a Polícia Civil”, afirma o tenente do Corpo de Bombeiros Danilo Pires.
Encontros
Keila conta que a irmã começou a participar dos rituais da seita há três meses. Desde então, Deise bebia o chá indicado para limpeza espiritual. Segundo a família, a auxiliar de enfermagem passava mal todas as vezes que ingeria o líquido. Além disso, ela começou a ter problemas psicológicos.
“Ela começou a ficar falando, falando sem parar. Incontrolável e violenta com a família, se revoltou contra a minha mãe e aí eu levei ela num psiquiatra. Na sexta-feira [10], ela suspendeu o medicamento e no sábado tomou o chá”, relata Keila.
A família teme não encontrar Deise com vida. “Um monte de gente numa chácara deixar essa pessoa sozinha sumir, sem nada, eu não tenho esperança de encontrar com vida mais”, lamenta a irmã da desaparecida.
Chá alucinógeno
O chá da ayahuasca é famoso por seu uso no Santo Daime e por suas propriedades psicotrópicas. O Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas autoriza sua utilização para fins religiosos, mas proíbe a exploração comercial. Não existe, no entanto, normas que regulem a exportação.
Há milênios, a ayahuasca tem sido adotada pelas populações nativas da Amazônia brasileira e andina para curas, adivinhações, entre outras finalidades.
Fonte: G1