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Conheça a start-up brasileira de troca de tempo

O Bliive (trocadilho com “believe” – acreditar, em inglês) é uma rede colaborativa que permite aos usuários trocar tempo por serviços. Idealizada pela baiana Lorrana Scarpioni, 24 anos, recém-formada em Direito e Relações Públicas, parece e funciona como uma rede social.

Quem navega pelo site pode trocar serviços – como aulas de violão, reparos de ar-condicionado e até leituras de tarô – sem dinheiro ou cartões nas transações.

Para cada hora de serviços prestados, o usuário ganha cinco “moedas”, ou um TimeMoney, com o qual pode “comprar” outros serviços.
A empresa leva o conceito de economia compartilhada – popularizada por plataformas como Uber e Airbnb – um passo adiante. Cria um novo canal entre oferta e demanda de serviços, e fora do circuito do dinheiro convencional.

Relaxamento via Skype
Num apartamento do Jardim Santa Inês, em São Paulo, a vendedora Maritza Rebouças esticou a jornada de trabalho noite adentro. Está ensinando técnicas de respiração via Skype a uma pessoa que acabou de conhecer na internet.

Comerciante durante o dia, ela encara a noite como uma instrutora de respiração, ajudando pessoas a lidar com problemas como ansiedade e estresse.
Maritza tem formação professional em yoga e poderia cobrar até R$ 150 por sessão – e provavelmente não teria dificuldades em encontrar clientes.
Mas ela não está recebendo reais, dólares nem libras – o pagamento é em TimeMoney. A vendedora já acumulou quase 40 horas de serviços válidos no Bliive, que a ajudaram a criar seu próprio site sobre técnicas de respiração.

"Consegui fazer tudo encontrando pessoas no Bliive", afirma. Cada usuário oferece ajuda em "pacotes" de uma hora, e quem já usou a plataforma pode dar nota e avaliar a qualidade do serviço que experimentou.

Hoje mais de 90 mil serviços estão em oferta no site, o que torna o Bliive maior do que outros sites baseados na economia do escambo, como Swapaskill.com, BabySitter Exchange e ChoreSwap.

Mas nem todas as start-ups desse novo mundo da economia compartilhada são lucrativas como Uber e Airbnb, cotadas hoje em bilhões de dólares.
No caso do Bliive, que não vende publicidade e oferece o serviço de forma gratuita, a maior parte dos fundos até agora veio de investidores atraídos pelo potencial da empresa.

Lorrana, contudo, procura novas fontes de recursos e acaba de lançar um serviço para clientes corporativos.

Empresas podem pagar cerca de R$ 15 mensais por trabalhador, e cada funcionário passa a poder trocar serviços pessoais ou profissionais – como treinamento – por meio do Bliive. Um dos primeiros clientes é um call center com 35 mil empregados.

"As empresas, às vezes, trazem pessoas de fora para ensinar coisas como apresentações em público. Mas você pode ter uma pessoa muito talentosa (com o mesmo conhecimento) na própria firma, a apenas duas mesas de distância", afirma Lorrana.

"Podemos conectar as empresas com seus próprios talentos", completa a empresária, eleita em 2014 pela revista de inovação MIT (Massachusetts Institute of Technology) um dos dez brasileiros mais inovadores com menos de 35 anos.

Desemprego jovem
A plataforma digital também abriu recentemente um escritório em Londres, com auxílio do Sirius, um programa britânico de aceleração de start-ups inovadoras pelo mundo.

Lorrana diz ver potencial no mercado europeu, onde há mais pessoas familiarizadas com a economia compartilhada – uma pesquisa apontou que mais de 30% dos britânicos já usaram serviços desse tipo.

A CEO do Bliive também aponta oportunidades em países como Grécia e Espanha, em que o desemprego é alto entre jovens e há mais escassez de euros para bancar serviços.

“Essas transferências sem dinheiro envolvido podem ser uma ótima alternativa para manter as pessoas em aperfeiçoamento permanente. Vemos muitas pessoas que se formaram em bons cursos, mas estão sem emprego”, avalia Lorrana.

Enquanto a premiada start-up brasileira trabalha para se tornar mais lucrativa, a idealizadora do projeto se esforça para manter os valores que ancoram a iniciativa.

“Usamos talentos e valores para criar um mundo de maior colaboração e menos competição, mais focado nos valores das pessoas, e não apenas no valor do dinheiro”, afirma.

Fonte: BBC BRASIL

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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