O enterro de Alexandre Oliveira, 46 anos, morto dentro da estação de metrô Uruguaiana nesta sexta-feira após ser abordado por bandidos, no cemitério do Catumbi, Zona Norte do Rio, foi marcado por revolta dos familiares da vítima.
O auxiliar de serviços gerais tinha uma filha e duas netas. Separado e morador da comunidade do São Carlos, no Estácio, ele mesmo criava as netas. Familiares e amigos, que pedem para não serem identificados, desabafaram ao DIA. Uma amiga da família afirmou que as pessoas que mataram Alexandre o conheciam e que achou estranho nenhum policial estar no entorno para tentar prender os assaltantes após a ação.
"Muito querido na favela, um homem honesto. Acredito que Alexandre foi 'dado' e acho que o assalto e a morte dele foram armados por pessoas conhecidas. A violência na cidade está muito grande. Considerava ele como um irmão. Achei muito estranho não ter nenhum policial na área para tentar pegar os suspeitos", disse.
"Meu filho era muito trabalhador. O homem da família. Era o pilar da casa",acrescentou o pai de Alexandre, durante o velório. Ana Lucia Santos, ex-cunhada, estava presente no enterro e também deu seu relato sobre a morte de Alexandre. "Era um ótimo homem, sem defeito. Gostava as vezes de uma farra, cerveja e um cigarro. Fico triste pois ele não teve nem tempo de se defender", revelou.
Relembre o caso
Alexandre foi abordado pelos criminosos na bilheteria da estação Uruguaiana, no Centro do Rio, às 12h57 de ontem. Os bandidos fizeram dois disparos e fugiram após o crime. No local, houve tumulto e correria durante a ação e a estação foi fechada por mais de três horas.
O delegado titular da Delegacia de Homicídios (DH), Rivaldo Barbosa, que investiga o crime, disse que a vítima foi atingida por dois tiros feitos pelas costas. "Foi uma ação covarde dos bandidos e a investigação está indo na linha de saidinha de banco e latrocínio (roubo seguido de morte). As câmeras serao analisadas para refazer os passos da vitima, identificar os criminosos e efetuar as prisões", disse Barbosa.
O crime revoltou quem estava na região, que está com o policiamento reforçado por conta de uma operação de combate à pirataria no Camelódromo da Uruguaiana que ocorre desde a última terça-feira. Após os disparos, a delegada Valéria Aragão, da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Intelectual (DRCPIM) se dirigiu para o local. A titular da especializada acredita se tratar de um crime de latrocínio.
Através das redes sociais, muitas pessoas fizeram críticas por conta do forte efetivo no Camelódromo que não inibiu o assalto. "A Polícia Civil fazendo operação no Camelódromo da Uruguaiana enquanto ladrões roubam em baixo do nariz deles!!!! Literalmente!!!!!", disse um internauta através do Twiter.
Procon diz que processará concessionária
O Procon do Rio disse que entrará com um processo administrativo para investigar a responsabilidade da concessionária Metrô Rio no assalto. O objetivo é apurar se houve falha na segurança da estação. Como informou a autarquia, o Código de Defesa do Consumidor prevê que é responsabilidade da empresa prestar serviços em condições adequadas de segurança, sem colocar em risco a vida e a saúde do consumidor.
Após ser notificada, a concessionária terá 15 dias para prestar os esclarecimentos. Caso o prazo não seja cumprido ou os argumentos não sejam aceitos pelo setor jurídico do Procon Estadual, o Metrô Rio será multado.
Fonte: iG