Política

Desentendimento entre Incra-MT e trabalhadores gera tensão

Foto: Mary Juruna/Arquivo CMT

Uma série de manifestações estão sendo organizados por membros dos movimentos sociais que representam os trabalhadores sem terra de Mato Grosso, em protesto contra as ações do Incra-MT (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Os acampados cobram acordos descumpridos, o assentamento imediato de 4,5 mil famílias em todo o estado e a retirada do superintendente do órgão, Salvador Soltério, de seu cargo.

Segundo um dos líderes do Movimento Unitário dos Trabalhadores, trabalhadoras e povos do Campo e das florestas, Wendell Girotto, o Incra não abriu diálogo consistente com os movimentos da reforma agrária. “A falta de compromisso, falta de diálogo e entendimento com os servidores, morosidade no atendimento das demandas, mentiras, os vários acordos realizados com os trabalhadores e não cumpridos, o engessamento do Incra, falta de habilidade do superintende interino, dificuldades em tomar decisões nos levaram a uma grande mobilização no estado”, explicou.

Conforme Girotto os membros dos movimentos sociais querem que o Governo Federal demita o superintendente do seu atual posto. “Por entender que os trabalhadores estão sendo prejudicados pela (não) atuação do Superintendente atual, e para evitar que se desencadeie uma jornada de lutas por parte do movimento Unitário”, disse.

Outro Lado

Contudo Soltério disse, em entrevista ao Circuito Mato Grosso, que isso não passa de uma pauta política e chegou a desafiar os líderes reformistas a provar uma só pauta de reivindicação protocolada junto ao órgão. “Eu desafio qualquer um que prove, que me mostre uma só pauta de reivindicação protocolada junto ao Incra! Pois se eles não vem aqui me falr de suas demandas, não sou eu que terei ‘bola de cristal’ para adivinhar o que querem”, comentou Soltério.

O superintendente também reclamou da abordagem das reclamações.  “Ao contrário de levantar uma pauta séria e honesta – visando acrescentar as lutas e direitos dos assentados – há pessoas que usam da má fé para poder tentar se promover. Isso eu não vou admitir! Eu sou um gestor e nunca fechei as portas para o diálogo, com quem quer que tenha pedido. E outra! Não se coloca ou tira algum gestor do seu posto a revelia das reclamações de determinado grupo. Quem tem o poder de me tirar do meu posto é o Governo Federal, quando este achar que é devido” reclamou o dirigente do Incra em Mato Grosso.

De acordo com o gestor, o órgão trabalha além de suas possibilidades para um estado tão grande como MT e com tão poucos recursos humanos e financeiros. “Existem famílias que esperam os documentos oficiais de suas propriedades há 40 anos, por conta de uma política desregrada de gestores no passado. Não podemos abrir assentamentos sem critérios, sem vistorias, sem planejamento, sem legar energia elétrica”, explicou.

Conforme Salvador, além disso, neste ano 49% dos recursos federais da instituição foram cortados, 60% dos funcionários do Incra estão para se aposentar, o valor das diárias são insuficientes e de problemas burocráticos (que independem do órgão). “O Incra não tem poder de polícia, por exemplo, quando descobrimos que políticos estão com lotes em assentamentos – como já fizemos – não podemos ir lá e ‘arrancar’ as pessoas do local. Primeiro enviamos isso par ao Ministério Público, depois a Justiça decidirá o que fazer, para somente depois a polícia ir até o local e retirar o assentado irregular – e isso demanda tempo, recursos e pessoal”, finalizou. 

Ulisses Lalio

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