Terra Brasilis está de luto!
Em plenária, o senador Telmário Mota informou que em 2014 o número de índios assassinados no Brasil voltou a crescer. Com base no Relatório da Violência contra os Povos Indígenas, divulgado pelo Conselho Indigenista Missionário, foram 138 casos de homicídio, a maior parte no Mato Grosso do Sul. Dos 135 suicídios, neste mesmo estado foram registrados 48 casos, e 707 entre 2000 e 2014. O uso de bebidas alcoólicas, drogas e a ociosidade verificada entre a etnia Karajá levaram em 2013 mais de 10 indígenas ao suicídio, a maioria jovens do sexo masculino.
O documento já corre o mundo! Em Amsterdã, o Greenpeace, com sede em mais de 40 países, divulgou que o Brasil “precisa de políticas públicas específicas e contundentes voltadas para essas populações. Mas o cenário que temos hoje é que nem mesmo os direitos já garantidos pela Constituição aos indígenas têm sido respeitados”.
Por estar a violência contra os povos indígenas associada à questão da terra, o senador defendeu a aprovação do Projeto de Lei do senador Paulo Bauer, PLS 417/2011, “que prevê o pagamento por benfeitorias e pelo valor da terra em casos de desapropriação de fazendas ocupadas antes de 1988 e que estejam documentadas”.
Dentre as 13 recomendações do Conselho Indigenista Missionário encaminhadas à Comissão Nacional da Verdade estão a “promoção de campanhas nacionais de informação à população sobre a importância do respeito aos direitos dos povos indígenas garantidos pela Constituição Federal […], considerando que a desinformação da população brasileira facilita a perpetuação das violações descritas no presente relatório”.
No ano da morte do Padre Iasi Júnior, que se dedicou por quase meio século à defesa dos povos indígenas, é preciso tomar algumas providências para estancar o sangue das “veias abertas da América Latina”, como escreveu o também já saudoso escritor uruguaio Eduardo Galeano que disse: “A primeira condição para modificar a realidade consiste em conhecê-la”.