Cidades

Líder sindical desmente prefeitura e diz que greve não é política

Foto: Andréa Lobo / Arquivo CMT

A presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed), Eliana Siqueira rebateu as acusações do secretário de comunicação da Prefeitura Kleber Lima e disse que greve não tem motivação política. A declaração foi feita em uma coletiva de imprensa na sede do Sindimed, em Cuiabá. Além disso, denunciou que a secretária de saúde paga para ao menos 10 médicos ‘fantasmas’, que estão fora da capital e que não estão trabalhando na rede municipal de saúde.

A coletiva foi realizada após o secretário de comunicação da Prefeitura de Cuiabá alegar que Eliana seria filiada ao Partido dos Trabalhadores, por conta disso buscava prejudicar politicamente o prefeito Mauro Mendes (PSB). A Greve seria, segundo Kleber um movimento eleitoreiro ligado ao médico e ex-candidato Lúdio Cabral (PT).

Porém a sindicalista disse que a prefeitura vem tentando sistematicamente atacar os membros do sindicato para tentar minar a força dos profissionais na capital. “O secretário Kleber Lima que recebe R$ 11.250 está criando factoides e mentiras para desunir a nossa categoria. Não tenho pretensões políticas, não sou filiada ao PT e mesmo que fosse isso não é razão para falar mal da nossa luta pela categoria”, apontou Eliana.

A presidente do Sindimed cobrou a falta de diálogo entre a prefeitura e a instituição representativa. “Eles [secretário de saúde e Kleber Lima] ficam fazendo jogadas, tentando colocar ‘lenha na fogueira’ que não existe, ao invés de negociar e resolver os problemas”, reclamou.

Desde o dia 16 de junho, os médicos que atuam na rede pública da capital estão de 'braços cruzados'. A  categoria cobra da Prefeitura de Cuiabá melhorias para área, assim como o pagamento do piso nacional aprovado pela Federação Nacional dos Médicos (FENAM) que chega a R$ 10,9 mil.  Hoje, o salário de um profissional de saúde, é inferior a R$ 4 mil, sem acréscimos.

Reivindicações

A categoria reivindica que o Executivo dê posse aos 80 médicos que passaram no concurso desde janeiro. “Alegando que os médicos não deram os documentos. Isso é uma inverdade. Todos os concursados estão atentos aos prazos e deram sua documentação. Estamos no final de junho e até agora nada de convoca-los”, alegou. O segundo ponto cobrado é a questão salarial, o sindicato quer um aumento real de 3%, incorporação do Prêmio Saúde ao salário: “Existe uma discrepância muito grande no pagamento desse ‘beneficio’. Há médicos que recebem R$ 500 e outros que ganham R$ 3,5 mil e a prefeitura não disponibiliza essa lista para nós”, comentou Eliana.

Cobra condições mínimas de trabalho, materiais, estrutura, medicamentos e insumos para a e realização dos trabalhos médicos. Reforma na UTI pediátrica, que está fechada há três anos; Segurança nas unidades de atendimento médico 24h; Adequação da carga horária e implantação do ponto eletrônico; Fornecimento dos dados cadastrais dos médicos como o lotacionograma e escalas de trabalho.

Ações 

A base do Sindimed se reuniu nesta terça-feira (30) e definiu uma série de atos em protesto contra a Prefeitura. Na sessão ordinária de hoje, na Câmara de Vereadores, os médicos vão cobrar do legislativo medidas para o cumprimento dos acordos feitos com a secretaria de saúde do município.

Contra-ataque

Além do ‘contra-ataque’ as acusações da Prefeitura, uma série de denúncias levantadas pela direção do sindicato foi disponibilizada para os jornalistas. Entre as mais graves estão a falta de fiscalização com os 740 médicos lotados na prefeitura – alguns desses médicos já estão mortos, trabalhando em outro estado, de licença ou desistiram do cargo.

Os locais de atendimento estão insalubres, inclusive o lugar onde os médicos deveriam ficar durante o cumprimento dos plantões – os profissionais estariam dormindo em colchões no chão, sem banheiro e em situação de total descaso (ver foto ao lado – divulgação Sindimed).
Acordos ‘debaixo dos panos’ estariam sendo feitos entre alguns médicos e a prefeitura – para o cumprimento de metade das horas descritas no contrato, por conta do baixo salário oferecido.

Outro Lado

Ao ser indagado sobre os supostos ‘médicos fantasmas’ e denúncias feitas pela presidente do Sindimed, o secretário de saúde de Cuiabá disse que não irá discutir as acusações feitas pela presidente do sindicato. Conforme ele é preciso sair do porão e subir ao andar de cima nas discussões. 

Veja fala o posicionamento dele na integra: “Bom quanto ao que a presidente do sindicato falou ela é responsável pelo que ela falou. Eu não vou de forma nenhuma discutir o mérito do que ela falou. Não estou aqui para saber o que ela diz ou que não diz. Estou aqui para discutir com a categoria, vou estar aberto às negociações. Agora eu não vou permitir que essa discussão fique no porão. Ela tem que vir par ao andar de cima. Vamos discutir isso da forma que merece se discutido”. 

 

Veja fotos do descaso denunciado na saúde municipal:

 

 

 

 

 

 

 

 

Ulisses Lalio

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