O suíço de 79 anos foi reeleito na sexta-feira para a presidência no congresso da entidade em Zurique. Ele derrotou o único rival – o príncipe jordaniano Ali bin al-Hussein.
Blatter teve, no primeiro turno, 133 votos contra 73 de al-Hussein. Como o suíço teve sete votos a menos que o necessário para vencer já na primeira votação, a disputa teria que ir para o segundo turno. Al-Hussein, no entanto, acabou desistindo da disputa, o que abriu caminho para a vitória de Blatter.
O jordaniano contava com o apoio da Uefa (Federação Europeia de Futebol). Ele ganhou força nos últimos dias por causa da investigação do FBI anunciada na última quarta-feira, que deteve sete dirigentes da Fifa (incluindo o ex-presidente da CBF, José Maria Marin), suspeitos de extorsão, lavagem de dinheiro e corrupção.
O presidente da Uefa, Michel Platini, chegou a pedir que Blatter renunciasse ao cargo antes da votação.
As autoridades suíças lançaram um inquérito criminal separado para investigar a escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022, Rússia e Catar, respectivamente.
Confiante
Segundo a correspondente da BBC em Zurique Imogen Foulkes, Blatter estava muito confiante na manhã deste sábado.
Quando questionado sobre os danos à imagen da Fifa por causa das acusações de corrupção, ele culpou a imprensa que, segundo ele, exagerou a crise. Para Blatter, a Fifa continua sendo bem vista, especialmente em países da Ásia e África. Ele também recebeu um telegrama do presidente russo, Vladimir Putin, parabenizando pela reeleição.
Respondendo às críticas à sua liderança pessoal, Blatter demonstrou ainda mais confiança.
"Acabei de ser eleito para um quinto mandato, não pode haver muita coisa errada comigo", afirmou.
Blatter também minimizou o a importância da investigação americana lançada contra as autoridades da entidade.
Blatter descreveu a questão como "infrações" envolvendo uma companhia de marketing operando nas Américas.
"Não vejo como a Fifa deveria ser diretamente afetada por isto", disse.
Durante a entrevista coletiva ele questionou o momento escolhido pelos promotores dos Estados Unidos, afirmando que a Fifa "poderia ter sido contactada em outro momento" ao invés de poucos dias antes do congresso de Zurique.
Blatter também negou que ele era a autoridade de alto escalão da Fifa, cujo nome não foi revelado, que teria autorizado o o pagamento de um suborno de US$ 10 milhões relativo à Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.
Mais cedo, em uma entrevista para a rede de televisão suíça RTS, o presidente da Fifa afirmou estar "chocado" pelos comentários de promotores americanos depois das prisões de autoridades da entidade por causa da investigação do FBI. Um dos promotores chamou o caso de "Copa do Mundo da Fraude" e disse que a Fifa tinha recebido um cartão vermelho.
Blatter disse na entrevista que suspeitava que as prisões foram uma tentativa de "interferir com o congresso" que o reelegeu. "Não tenho certeza, mas não cheira bem", disse.
Ele afirmou que os Estados Unidos tinham perdido a chance de sedir a Copa do Mundo de 2022 para o Catar enquanto que a Inglaterra, outro país que critica Blatter, tinha perdido a Copa de 2018 para a Rússia. E que os Estados Unidos eram o "patrocinador número um" do Estado da Jordânia, o país de seu adversário derrotado no congresso.
Saindo da crise?
Blatter afirmou neste sábado que a Fifa poderá sair desta crise com ele no comando.
"Não é mais uma tempestade, está mais fraca agora", afirmou acrescentando que 132 países tinha confiado nele na votação para a presidência. "Vou continuar lutando pelas coisas boas."
Ele também criticou a Uefa por não estabelecer um comitê de ética parecido com o estabelecido pela Fifa, para "dar o exemplo" para outras confederações regionais, menos ricas e influentes.
De acordo com a repórter da BBC em Zurique Imogen Foulkes, por baixo da ebulição dos últimos dias, a Fifa e Blatter ainda têm muito trabalho pela Frente. Associações de futebol da Europa, que exigiram a renúncia de Blatter, ainda estão analisando qual resposta darão à reeleição.
E a Fifa e suas autoridades enfrentam duas grandes investigações internacionais sobre corrupção e pagamento de propinas. Promotores americanos e suíços já sugeriram que podem ocorrer novas prisões.
Fonte: BBC BRASIL