Sem valor específico ou data para entrega das obras, o estacionamento localizado ao lado do teatro Zulmira Canavarros ainda se encontra em fase de obras, um tanto quanto ‘perdidas’. Com entulhos de terra e alguns operários trabalhando, é possível perceber que há poucos detalhes para serem concretizados, no entanto o questionamento que ronda os corredores da Casa de Leis é quanto ao porquê de tanta demora para a entrega definitiva do espaço.
Destinado aos funcionários da Assembleia Legislativa, o estacionamento foi projetado para ter 450 vagas de veículos em três pisos. Lançada no final de 2013, a obra, juntamente com o teatro, incialmente foi orçada em R$ 8,5 milhões, conforme o edital publicado em novembro do mesmo ano. No entanto, após a troca dos representantes da Mesa Diretora, houve a inclusão da reforma dos gabinetes parlamentares, o que fez o valor saltar para R$ 30 milhões.
Embora haja um alto investimento nas obras, o que se tem registrado é que apenas os gabinetes estão concluídos e longe de serem sujos com a poeira vinda do estacionamento, algo que tem sido recorrente no teatro destinado à população.
Com início, meio, mas sem fim…
Não é de hoje que servidores do Legislativo reclamam da falta de atendimento por parte da atual Mesa Diretora. Como já foi denunciado por diversas vezes por reportagens do CMT, funcionários e até mesmo os próprios parlamentares reclamaram da carência de serviços essenciais no Legislativo. Casos que resultaram, por conta da demora das execuções, em Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs).
A falta de entrega do estacionamento faz parte da longa lista de falhas cometidas pela atual gestão. Segundo uma fonte ligada ao Legislativo, houve a ausência do pagamento da última parcela para a empresa responsável pela obra, a Tirante Construtora. Fato confirmado pelo engenheiro da própria instituição, Ingo Geraldo Gunther, durante entrevista para esse veículo.
Ele revelou que desde o final do ano passado a Casa de Leis está em débito com a construtora, que paralisou as obras parcialmente desde então. Até o momento, a obra está 97% concluída e, segundo ele, o acabamento está sendo feito na parte de segurança. “As obras desaqueceram o ritmo por conta dessa falta de pagamento. A decisão foi tomada pela administração da empresa e desde então estamos com tudo praticamente paralisado. Ainda não sabemos quando a obra será entregue”, disse.
O resultado disso é que operários da obra são flagrados em conversas paralelas durante horas, sem o exercício das atividades, ou apenas ‘assistindo’ ao trabalho dos demais. Ocasiões vistas com muita revolta por parte dos servidores da Casa.
“Falta quase nada, como grudar adesivos em extintores, colocar a grama, entre outras coisas simples. Pelo que eu sei, eles estão enrolando para entregar porque a Assembleia não pagou a última parcela. Eles [a Mesa Diretora] viviam reclamando do Riva (ex-presidente da AL), mas ele está preso há mais de três meses e não tem como mandar e desmandar aqui dentro. E agora? Como que eles explicam essa falta de pagamento? Cadê a verba?”, criticou a fonte, mencionada antes do engenheiro.
Com 300 dias de prazo para entrega – conforme a placa indicativa da obra, que não informa nem ao menos a data de início da construção –, o espaço está há meses para ser entregue e é usado somente em situações ‘extraordinárias’.
“Eles falam que será entregue em breve, mas o ‘breve’ nunca chega. Não só eu, mas muitas pessoas reclamam dessa falta de prazo de entrega, porque muita gente já foi assaltada por usar o estacionamento que fica ao lado. O que eu acho engraçado é que este estacionamento sempre está pronto para receber autoridades em dias que tem eventos no teatro, mas para atender os servidores, que são os maiores interessados, não. Também, por que iriam, não é? Parlamentar tem estacionamento coberto há muito tempo e com muita segurança. Não tem por que se preocupar com o povo”, ironizou a fonte.
Outro ponto levantado em torno do estacionamento é a poeira que sobe e suja os aposentos do Teatro Zulmira Canavarros. Logo na entrada do espaço, há uma grande quantidade de terra acumulada.
“A Assembleia gasta milhões com peças de teatro e apresentações para se aparecer, mas não é capaz de quitar essa dívida e terminar de vez essas obras. E além de tudo quer ganhar credibilidade só porque mudou de gestão. Como se ganha respeito do povo, e até mesmo dos próprios funcionários da Casa, se eles não têm respeito nem com o nosso dinheiro? É um absurdo isso”, sintetizou a mesma fonte.
Outro lado
Em nota, a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, comandada pelo presidente Guilherme Maluf (PSDB) e pelo primeiro-secretário Nininho (PR), informou que obra executada na Casa inclui a ampliação dos gabinetes, teatro e estacionamento. No total, foi calculado o valor de R$ 30 milhões, no entanto não foram divulgadas as especificações do montante para cada vertente da construção.
Ainda segundo o texto, a Procuradoria do Legislativo recomendou algumas correções no contrato, antes de finalizar o pagamento da obra. Também informaram que os reparos estão sendo acompanhados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE). Ambos órgãos estariam em fase final de análise para que assim o pagamento seja efetivado.
Por fim, a direção destacou que a expectativa para a entrega das obras é junho deste ano, sem uma data específica confirmada.
