A Casa do Parque oferece aos amantes da arte a exposição Travessia, que comemora os 50 anos de carreira do artista plástico Humberto Espíndola e os 3 anos da Casa do Parque (brevemente com verbete na Enciclopédia Ilustrada de Mato Grosso, de João Carlos Vicente Ferreira, disponível no portal Mato Grosso).
Em um momento ímpar, Travessia traz diferentes fases de Humberto Espíndola, consagrado por ter o boi como tema de suas obras. Mas, sem dúvida, a travessia do artista é muita mais longa. O livro Kadiwéu: Senhoras da Arte, Senhores da Guerra, em sua capa, presenteia o leitor com uma obra de arte de Humberto. Organizado por Giovani José da Silva e Maria da Glória Porto Kok, trata-se de uma coletânea que disponibiliza artigos sobre aqueles índios, uma oportunidade de conhecer mais a História Indígena e do Brasil. Sem dúvida, os autores unem-se a Guido Boggiani, Kalevo Oberg, Francis Castelnau, Claude Lévi-Strauss, Darcy Ribeiro, dentre outros.
Autodenominado Ejiwajegi, o povo Kadiwéu, índios cavaleiros, habita atualmente a Terra Indígena Kadiwéu, Mato Grosso do Sul. Ganhou a atenção das aquarelas do francês Jean-Baptista Debret, que morou no Brasil no século XIX por fazer parte da missão artística francesa, de 1817, quando foi fundada no Rio de Janeiro a Academia de Artes e Ofícios, mais tarde Academia Imperial de Belas Artes.
Na década de 1930, o Kadiwéu foi objeto de estudo de Claude Lévi-Strauss, evento que ilustrou uma peça filatélica Ano da França no Brasil – Série Relações Diplomáticas, de 2009. O selo traz a estampa de um rosto indígena com grafismo, um dos interesses do antropólogo francês que se encantou com os desenhos em seus corpos, em sua cerâmica. Grafismo e cerâmica evidenciados na tela de Humberto Espíndola reproduzida em Senhoras da Arte, Senhores da Guerra.
Em Travessia, Humberto Espíndola, junto aos cronistas, viajantes, historiadores, antropólogos, com seus pincéis e lápis, faz o seu viver. Viver com as coisas dos Matos Grossos e do Brasil.