Cláudio e Orlando Villas-Bôas dedicaram suas vidas aos índios brasileiros. Em 1943 abandonaram a vida na cidade para participar, como trabalhadores braçais, da Expedição Roncador-Xingu, que tinha como objetivo desbravar parte da Amazônia, então considerada desabitada. Nessa viagem conheceram grupos que nunca tinham tido contato com não índios, e desde então lutaram para demarcar suas terras, prestar assistência à saúde e preservar sua cultura.
Criaram laços de amizade com mais de vinte povos e, em 1961, ajudaram a fundar o Parque Nacional do Xingu. Cláudio e Orlando conheceram mais do que ninguém a cultura dos xinguanos, e narram aqui nove histórias assim como as ouviram.
Histórias do Xingu (2013), de Cláudio e Orlando Villas-Bôas, publicação da Companhia das Letrinhas. São contos que falam do imaginário desses grupos, de seus costumes, crenças e cosmologia.
Os rituais alto-xinguanos são famosos e belíssimos. O Kuarup, o ritual dos mortos, talvez o mais importante, é realizado ao longo de um ano inteiro, compreendendo trocas e oferendas complexas baseadas no sistema de parentesco.
Outro belo ritual é o Iamuricumá, o das mulheres. Elas dançam com volumosos colares de contas coloridas, caçoam dos homens e são o centro das atenções.
Há, ainda, o Jawari, uma luta de dardos entre jogadores de povos ou aldeias diferentes. O Moitará é outra cerimônia de troca dentro de um mesmo povo ou entre vários povos, uma espécie de jogo de oferendas e contraoferendas muito atraente.
Uma extensa introdução da antropóloga Betty Mindlin dá mais detalhes sobre a história dos irmãos Villas-Bôas e dos índios do Alto Xingu.
As histórias aqui publicadas são gostosas de ler e constituem um bom começo para descobrir o imaginário xinguano. Espero que esta indicação desperte nos pequenos e jovens leitores o desejo de saber, de ir atrás dos muitos livros já publicados e, quem sabe, até de conhecer de perto os nossos índios.