A delegada Adriana Belém, da 42ª DP, no Recreio, Zona Oeste do Rio, vai indiciar o motorista Diogo Barreira Brito pelo duplo homicídio doloso da ex-nadadora Sarah Corrêa e do eletricista Paulo Coelho Soares. Segundo disse na tarde desta quarta-feira (6), a perícia realizada no local do acidente conclui que o carro estava a pelo menos 100 km/h no momento do acidente. A Estrada dos Bandeirantes tem velocidade máxima de 60 km/h.
"O buraco de obra que o motorista alega ter causado o acidente estava apenas no acostamento. Ele tentou ultrapassar um veículo e estava em uma velocidade altíssima", afirmou a delegada.
A Polícia Civil chegou à Estrada dos Bandeirantes, em Vargem Pequena, por volta das 14h40 desta quarta para a nova perícia técnica no local da morte de Sarah Corrêa, nadadora medalhista dos Jogos Pan-Americanos, e de Paulo Pessoa, de 58 anos, que foram atropelados na altura do número 14.000, na sexta-feira (1ª). A via foi totalmente interditada por dez minutos para a ação da polícia. No local do acidente, moradores colocaram flores.
Dolo eventual
A delegada explicou que por cada um dos homicídios Diogo Barreira Brito pode pegar de 6 a 20 anos de prisão, já que praticou dolo eventual. O inquérito do caso, que agora entra em fase final, deverá ser remetido em até 30 dias ao Ministério Público. Segundo a delegada, há outros elementos contraditórios nos depoimentos de Diogo e de sua mulher.
"Ele se contradiz dizendo que saiu sem saber que havia vítimas. Já a esposa dele afirma que ele saiu da cena do crime sabendo que havia vítimas", conta Adriana.
O carro saiu da pista sentido Vargem Grande e atingiu Paulo e Sarah em um ponto de ônibus do outro lado da pista. Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli mediram o percurso entre o buraco e o local onde as vítimas foram atingidas, a fim de calcular a velocidade do veículo.
Motorista culpa buraco
O motorista Diogo Barreira Brito disse à polícia na terça-feira (5) que uma obra pública foi responsável pelo acidente.
“Vocês vão lá e procura lá a Cedae, aquele buraco”, disse após depoimento na delegacia do Recreio.
Em nota, a Cedae informou que não foi realizado nenhum serviço recente na altura do número 14000 da Estrada dos Bandeirantes, onde ocorreu o atropelamento, e que sinaliza todas as suas obras para alertar motoristas e pedestres.
A concessionária ressaltou ainda que vai apurar se alguma terceirizada a serviço da companhia realizou alguma intervenção emergencial no trecho.
O acidente foi filmado por câmeras de segurança. As imagens mostram que motorista perdeu o controle da direção do carro e avançou sobre o ponto de ônibus. O funcionário público Paulo Soares, morreu no local. Sarah chegou a ser socorrida com vida, mas teve morte confirmada na tarde de sábado (2).
Além de Diogo, cinco testemunhas foram ouvidas na terça-feira. Entre elas, a filha de Paulo e duas pessoas que moram nas imediações do local onde ocorreu o atropelamento. Eles afirmaram que o carro estava em alta velocidade. Ele tem 15 multas trânsito, a maioria delas por excesso de velocidade e avanço de sinal.
Diogo não prestou socorro. Num primeiro depoimento à polícia, ele alegou que não socorreu as vítimas porque também se feriu e procurou atendimento num hospital. Os investigadores tentam confirmar se ele foi mesmo atendido por algum médico.
Câmera registra o acidente
O atropelamento foi gravado por uma câmera de segurança instalada em uma das casas na Estrada dos Bandeirantes, na altura de Vargem Pequena. O motorista avançou à esquerda em direção ao ponto de ônibus e atropelou duas pessoas.
Um homem que mora em uma casa em frente ao ponto disse que foi um susto quando ouviu o barulho do carro derrubando o muro dele.
"Estava na sala. Quando escutei o barulho, eu vim ver, aí vi só aquela poeira e só depois que a poeira desceu que eu vi que era um carro", contou.
Outro morador que preferiu não se identificar disse que Diogo tem costume de andar em alta velocidade e que no dia do acidente estava com sinais de embriaguez.
“O motorista estava visivelmente embriagado nós nos preocupamos com ele. Tiramos ele, perguntamos se tinha vítima, ele alegou que não tinha. Nós procuramos por vítimas e não encontramos, mas ficamos tranquilos. Quinze minutos depois da chegada dos bombeiros, que os bombeiros, com a experiência deles, foram levantar e encontrar as duas pessoas debaixo do carro. Ele [o motorista] costuma correr, dá cavalo de pau. Não é a primeira vez”, contou.
Fonte: G1