Dar papinha industrializada ao filho em vez de uma sopa nutritiva preparada na hora faz uma mãe ser pior do que outra? E esperar para dar à luz em casa, mesmo que o médico tenha indicado cesárea, é coisa de mãe sem juízo? Discussões como essa têm ganhado força nas comunidades virtuais sobre maternidade e popularizam a hashtag #menasmain (ou, em bom português, “menos mãe”).
A expressão surgiu em grupos de apoio ao parto normal e à maternidade consciente, em que mulheres que davam leite em pó aos bebês e deixavam a criança chorar no berço até dormir bradavam não serem “menos” mães do que as outras que estavam ali.
Hoje o conceito é usado como piada e até mesmo para expressar inseguranças: “Amamento vendo novela, tem problema? Me sinto meio ‘menas’”, diz o post de uma mãe. Para além da brincadeira, a expressão esconde uma questão ancestral: a culpa materna.
“As mulheres estão mais exigentes consigo mesmas. Com a internet, cada vez mais sofrem com a patrulha de outras mães”, explica a psicóloga catarinense Tânia Esther Espezim Barbosa. A especialista afirma que é preciso separar a culpa emocional da culpa concreta.
“Se ela de fato lesou o filho, se houve negligência ou abuso moral, é uma culpa real, e para isso existe a lei. Fora isso, não existe receita de bolo". Segundo Tânia, ser mãe é um aprendizado constante. "A mulher tem que tirar um pouco essa capa de Mulher Maravilha e saber que é o que bom para uma pode não ser bom para outra.”
Fonte: G1