Um menino de um ano sete meses com uma síndrome rara morreu, nesta quinta-feira (16), em Aracruz, região Norte do Espírito Santo, após não conseguir uma vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin). Os pais foram a três hospitais e acionaram o Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES) para resolver o caso com urgência, mas o leito não foi disponibilizado a tempo.
A família culpa o estado pela morte da criança. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) disse que lamenta profundamente o óbito, mas que buscou um leito de UTI Pediátrica em todos hospitais do Espírito Santo, inclusive na rede particular, mas não havia nenhum disponível.
"Fiquei a noite toda com ele e vi a respiração dele. Vi que ele estava indo embora. Já estava sentindo a mãozinha dele gelada e os médicos não podiam fazer mais nada. Infelizmente isso aconteceu e, agora, o meu filho está aí dentro de um caixão para ser enterrado", desabafa Ingrid Bonolonesi, a mãe do menino.
O bebê chamado Robert Willian Bolonesi Espavier sofria da síndrome de Menkes, responsável por alterar os níveis de cobre no organismo. "Ela se desenvolve do segundo para o terceiro mês de idade. Atrapalha no desenvolvimento motor da criança. Ela traz um erro inato do metabolismo do cobre, ou seja, falta cobre no cérebro da criança, fazendo com ela não se desenvolva. Ela também vai ter hipotonia profunda e gera uma série de outros sintomas", fala a mãe.
Segundo os pais, a criança estava internada no Hospital São Camilo desde a segunda-feira (13), quando apresentou sintomas de insuficiência respiratória. Na terça-feira (14), o estado de saúde do menino se agravou. Foi quando a equipe médica, junto com os pais, começou a buscar socorro em outros hospitais.
“Ele chegou respirando muito fundo. Aí pediram uma máscara de oxigênio, depois deixaram de lado e resolveram fazer nebulização de cortisona, na esperança que ele melhorasse. Mas aí ele não melhorou e pediram um exame de urina, que constatou a infecção renal”, conta Ingrid.
O Hospital São Camilo não possui uma Utin. Sem respostas quanto a possibilidade de ser transferido para outras unidades, os pais de Robert procuraram o Ministério Público, mas mesmo assim não conseguiram a vaga.
O gerente de enfermagem do Hospital São Lucas, Emerson Tomanesi, contou os esforços que a equipe fez na tentativa de salvar o bebê. “Faz três, quatro dias que estamos tentando essa vaga junto à Central de Vagas do Estado, inclusive tentando outros meios, junto ao Ministério Público para tentar agilizar. Todos os contatos e todos os esforços, porque sabíamos da importância e necessidade da vaga para ele. Mas, hoje pela manhã, o quadro dele evoluiu ao óbito e até então nós não tínhamos tido nenhuma resposta”, conta Tomanesi.
Não foram informados os locais do velório e do enterro da criança. Os pais moram na aldeia indígena do Irajá, em Aracruz.
Fonte: G1