O presidente Barack Obama planeja remover Cuba da lista de países patrocinadores de terrorismo, anunciou a Casa Branca nesta terça-feira (14). Cuba exige que a medida ocorra antes de se avançar no diálogo da reaproximação diplomática entre os dois países, que foi anunciada em dezembro.
Obama enviou ao Congresso norte-americano um informe em que rassalta a "intenção de remover" Cuba da lista, informa a agência France Presse.
O Congresso norte-americano tem um período de 45 dias para decidir se vai bloquear a medida, de acordo com a rede ABC News. Se o Congresso decidir impedir a retirada de Cuba da lista, deverá criar uma lei à prova de veto declarando que Cuba continua uma nação patrocinadora de terrorismo. Segundo a rede ABC News, é improvável que isso ocorra.
No entanto, a remoção enfrenta resistência dos republicanos, incluindo legisladores de origem cubana, indica o jornal "The New York Times".
Cuba é um dos quatro países que os EUA acusam de apoiar o terrorismo globlal. Os outros países na lista são Irã, Sudão e Síria.
A retirada de Cuba da lista é um importante passo simbólico depois que os dois países anunciaram uma aproximação diplomática em dezembro para colocar fim a meio século de inimizade.
"É o primeiro passo em direção a uma normalização concreta e formal das relações", disse Peter Schechter, especialista em América Latina do centro de estudos Atlantic Council em entrevista à agência AFP.
Cuba colocou a medida como prioridade para reabrir as embaixadas em Washington e Havana. Com isso, os Estados Unidos deixarão de ser "o hóspede não convidado" de todos os debates sobre Cuba e o bode expiatório por excelência dos problemas na ilha, acrescentou Schechter.
Para Arturo López-Levy, acadêmico da Universidade de Denver, se Cuba deixar de ser considerada patrocinadora de terrorismo, as bases das sanções contra a ilha, fundadas por anos na questão da segurança, serão abaladas."Substitui esta imagem de (Cuba como) ameaça" com outra de "país em transição", com o qual se deve aumentar o intercâmbio, disse López-Levy à AFP. Segundo ele, a decisão abre caminho para que o presidente revise, em setembro, a classificação de Cuba como "inimigo", codificada em uma lei desde que os Estados Unidos instauraram o embargo, em 1962.
Encontro histórico
Obama e Raúl Castro realizaram no último sábado (11) um encontro histórico durante a Cúpula das Américas, na Cidade do Panamá, o primeiro entre presidentes dos dois países em mais de meio século, de acordo com jornais internacionais.
Os dois sentaram-se lado a lado em uma pequena sala de conferências, com um clima cordial, mas de negócios. Cada um acenou e sorriu para alguns dos comentários feitos pelo outro, em breves declarações a jornalistas.
O último encontro frente a frente aconteceu entre os presidentes Dwight Eisenhower, dos EUA, e Fugencio Batista, de Cuba, em 1956, em outra cúpula das Américas no Panamá, antes da revolução cubana, de acordo com o site do jornal "USA Today". Em 1959, o então vice-presidente dos EUA, Richard Nixon, e Fidel Castro se encontraram, destacou a "CNN".
Em coletiva de imprensa após o encontro, Obama disse que a conversa com Castro foi "cândida e frutífera" e que o encontro pode ter sido um "divisor de águas" na história entre os dois países. Ele afirmou também que tem o apoio "da maioria" para sua política envolvendo Cuba nos EUA.
"Temos que estar certos de que Cuba não é uma ameaça para os EUA", disse o presidente norte-americano a jornalistas. "Parte da mensagem aqui é que a Guerra Fria acabou", completou, afirmando que os EUA não estão no negócio da "mudança de regime".
Fonte: Terra