Foto: Andréa Lobo
Após 20 anos sendo comandada por um grupo restrito de deputados, a Assembleia Legislativa do Estado passa por um momento de transição um tanto ‘conturbado’. Tudo isso porque a nova gestão ainda se adapta ao funcionamento interno da Casa, além de demandar novas medidas de economia no local. No entanto, dois meses se passaram deste novo mandato e 157 pessoas, registradas no cadastro de reserva, ainda aguardam serem chamadas. Enquanto alguns deputados destinam cargos aos comissionados, que poderiam ser ocupados pelos concursados, há quem esteja a ‘ver navios’ neste ‘interminável’ processo.
No último concurso, realizado em dezembro de 2013, foram aprovadas 348 pessoas para as 430 vagas disponíveis no Legislativo. Até então, 157 ainda aguardam serem chamadas para tomar posse dos devidos cargos a que concorreram.
Desde a posse do novo presidente, Guilherme Maluf (PSDB), os concursados têm se reunido constantemente para sensibilizar o Parlamento a contemplar o número de vagas aos registrados no cadastro de reserva. No entanto, há morosidade no processo.
Uma das representantes do movimento que visa à convocação dos concursados, Maíra Nienow, acredita que há resistência por parte da Mesa Diretora em cumprir a lei e chamar os aprovados: “Estamos nos reunindo quase que semanalmente para pressionar os deputados a nos darem uma resposta gratificante sobre o concurso. Estamos no aguardo há mais de um ano e tivemos poucos avanços nesse quesito”.
No dia 31 de março desse ano, a categoria se reuniu na Assembleia para verificar o andamento do processo, além de protestar contra a decisão da Mesa em destinar 141 vagas a servidores comissionados. “Não somos contra a contratação destes funcionários, mas dentre essas vagas havia cargos disponíveis no cadastro de reserva, como para garçons, secretárias, entre outros. O presidente não fez o que pôde para contratar os concursados”.
Ela ainda citou que 17 pessoas no cadastro de reserva foram chamadas nos últimos dias, contudo, como meros ‘substitutos’. “Há mais de 300 vagas disponíveis para serem ocupadas. Todos os concursados podem preencher este número, só falta boa vontade e organização da Mesa Diretora. Nos reunimos com o presidente (Maluf) logo após a manifestação do dia 31 e ele nos garantiu que iria avaliar esta informação. Estamos no aguardo”, disse ela quando afirmou que deve se reunir, junto com os demais concursados, ainda esta semana com o presidente.
Ansiedade e angústia de quem precisa
Conforme o levantamento feito pelos próprios concursados, de acordo com as informações disponíveis no site da Assembleia Legislativa, há um total de 321 vagas disponíveis na Casa, sendo que 225 seriam destinadas aos técnicos legislativos de nível médio, 91 para técnicos legislativos de nível superior e cinco vagas designadas a procuradores.
Para a categoria, este número poderia suprir a quantidade de concursados que ainda aguardam ser chamados. Porém o que resta é aguardar a tão esperada convocação.
Entre os 157 aprovados, há quem dependa deste chamamento para melhorar a qualidade de vida e ter estabilidade como servidor público. Um concursado que não quis se identificar disse que espera ansiosamente ser chamado, mas que vê poucos avanços por parte da Mesa Diretora do Legislativo. Ele espera sua vaga de nível médio.
“Estudei durante dois anos para passar no concurso e, até agora, nada. Faço faculdade de direito e quase todo meu salário de estagiário é gasto com a universidade. Se fosse chamado, ao menos estaria um pouco mais tranquilo”.
Ele ainda avaliou como injusta a contratação de servidores comissionados, ao invés dos concursados. Para ele, há interesses políticos envolvidos no ato: “A lei é bem clara quando há prioridade no chamamento dos que fizeram concurso. É uma troca de favor de campanha essas contratações, com cabos eleitorais que trabalharam na época com a garantia de que conseguiriam uma vaga na Assembleia”.
O concursado ressaltou também que tanto o presidente quanto o primeiro-secretário, Ondanir Bortolini (PR), buscam atender a categoria, mas que a administração está uma verdadeira ‘bagunça’.
“É natural que depois de 20 anos com um grupo fechado, os novos gestores ainda tenham que se adaptar. Mas vejo que está tudo bagunçado, com erro de comunicação. Exemplo disso é que apresentamos os números de vagas disponíveis ao Maluf e ele não tinha conhecimento da informação”, revelou.
Outro concursado que também espera pela vaga é Juliano Graciano. Ele, que disputa o cargo de motorista no Legislativo, reconhece o empenho da Mesa Diretora, mas acredita que a pressão existe.
“Não sei se há má vontade, mas temos que estar presentes sempre para que possamos ver a possibilidade de sermos chamados. Caso contrário, isso não vai acontecer. Eu dependo muito dessa vaga, porque estudei muito para conseguir ser aprovado. O resultado saiu e ficamos nessa angústia de não ser chamado. É muito difícil isso”, disse ele que trabalha como motorista há seis anos e atualmente é instrutor em uma autoescola.