A companhia petrolífera holandesa Royal Dutch Shell chegou a um acordo para adquirir a britânica BG Group por 64,2 bilhões de euros (R$ 217,7 bilhões). É a primeira grande fusão no setor de petróleo em mais de uma década, segundo a Reuters, e reduz a diferença entre a Shell e a líder de mercado, a norte-americana Exxon Mobil.
A maior fusão deste ano dará à Shell acesso às operações multibilionárias da BG no Brasil, leste da África, Austrália, Cazaquistão e Egito. Elas incluem alguns dos mais ambiciosos projetos de gás natural liquefeito do mundo.
A Shell indicou que a aquisição irá ampliar suas reservas de petróleo e gás natural em 25%, aumentando a produção em 20% e acelerando também a estratégia de crescimento da empresa.
O negócio
Em função do acordo entre as duas empresas, os acionistas da BG Group receberão uma parte do valor em dinheiro e outra em ações da Shell, o equivalente a 19% do grupo formado pelas duas companhias, de acordo com a EFE.
Costurado pelo presidente-executivo da Shell, Ben van Beurden, e pelo presidente do Conselho da BG, Andrew Gould, o acordo vem após a forte queda dos preços do petróleo desde junho, estabelecendo um prêmio maior sobre o acesso a reservas provadas do que sobre exploração.
"Estávamos procurando algumas oportunidades, com a BG estando sempre no topo da lista das empresas com as quais queríamos nos combinar", disse Van Beurden, da Shell, em teleconferência, segundo a Reuters.
O acordo foi firmado em um momento de queda nos preços do petróleo, mas os analistas consideram que este pode ser um dos principais negócios de 2015.
Van Beurden disse que a presença das duas grandes empresas na Austrália, Brasil, China e na União Europeia pode requerer conversas detalhadas com autoridades antitruste, mas que é improvável que leve a uma venda de ativos forçada.
No Brasil
Segundo a Shell, o acordo vai melhorar a posição da companhia no Brasil como detentora de reservas e investidora. A expectativa é que a produção no país passe dos 52 mil barris de óleo equivalente por dia em 2014 para um 550 mil no final da década.
"O grupo combinado será o principal parceiro ao lado da Petrotrobras, trabalhando para garantir que as melhores práticas e aprendizados sejam aplicados para o desenvolvimento do grupo em águas profundas no Brasil nas próximas décadas", diz o comunicado da Shell.
A companhia afirma estar bem estabelecida como produtora em águas profundas, com aproximada 10% de sua produção total vinda desse tipo de projeto.
Em 2013, a Shell entrou no campo de Libra. "Essa experiência com Libra, junto com seus cem anos de história no Brasil, dão à Shell um alto grau de confiança na lucratividade e no potencial de crescimento que podem ser liberados pela combinação das capacidades, portfólio e relacionamentos da empresa com a posição competitiva da BC em águas profundas no local", diz a companhia em comunicado.
As empresas
A britânica BG tem um valor de mercado de US$ 46 bilhões, segundo o patamar de fechamento de terça-feira, e a Shell é avaliada em US$ 202 bilhões, enquanto a Exxon, a maior petroleira em valor de mercado do mundo, era avaliada em US$ 360 bilhões.
A BG Group, terceira maior empresa do setor energético do Reino Unido, tem 5.200 colaboradores em 24 países.
A companhia foi fundada em 1997 quando a British Gas foi desmembrada em duas – BG Group e Centrica. A primeira passou a ser responsável pela exploração e produção de energia, enquanto a segunda assumiu o varejo energético no Reino Unido.
A Shell afirmou que a aquisição criará uma companhia mais forte e competitiva para os acionistas de ambas as empresas em um momento de "volatilidade dos preços" do petróleo.
O diretor-executivo da companhia holandesa, Ben van Beurden, disse hoje que a iniciativa é "audaciosa e estratégica".
Fonte: G1