A família de Michele dos Santos, de 25 anos, acusada de matar a adolescente Bruna Karolina Fernandes Guiaro, de 15 anos, alegou estar destroçada com a maneira 'fria' com que a manicure teria planejado e cometido o crime no dia 13 do mês passado, no município de Querência, a 912 km de Cuiabá. A irmã da manicure, que confessou ter matado a adolescente para ficar com o bebê dela, disse que os pais estão muito doentes e que, depois do ocorrido, a mãe 'vive como se já tivesse morrido'.
"A minha mãe está morta em pé. Ela destruiu a nossa família e nos matou junto com essa menina [Bruna Karolina]. Nos enganou por nove meses, dizendo que estava grávida, e depois mata uma pessoa inocente. Só temos que pedir perdão pelo que ela fez e, para nós, ela [Michele] está morta", afirmou Eriúdes de Jesus, que também mora em Querência.
Eriúdes disse ter feito até mesmo um chá de bebê na casa dela para a irmã, que dizia estar grávida. Quando chegou ao nono mês de gestação, Michele teria planejado roubar um bebê recém-nascido e apresentar à família como se fosse dela. "Ela planejou tudo e nós não desconfiamos de nada. A minha mãe trabalha e dava dinheiro para ela comprar as coisas para a criança. Eu dei um guarda-roupa para o bebê que não existia", contou. Ela contou que, recentemente, perdeu até o emprego, por que estava se dedicando aos pais.
Michele foi presa no mesmo dia do crime. Ela foi levada para a Cadeia Pública de Água Boa, a 736 km de Cuiabá, mas depois após ser agredida por outras presas foi transferida para a Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto May, na capital. "Ela me ligou na semana passada, mas quando ela falou que era ela desliguei o telefone. Não quero ter contato com ela e quero que pague pelo que ela fez", pontuou.
Eriúdes relatou que não tinha muito contato com a irmã, pois morava no Espírito Santo e tem menos de dois anos que se mudou para Mato Grosso. "Depois que aconteceu isso que descobri outras coisas erradas que ela já tinha feito. Ela pegava tudo da minha mãe", afirmou. Inclusive, Michele já chegou a ser presa em 2013 por suspeita de furto.
Conforme a irmã da acusada, desde o crime, o marido de Michele, que também teria sido enganado sobre a falsa gravidez, deixou a cidade e não se sabe mais o paradeiro dele.
Michele passou a responder criminalmente pela morte da adolescente Bruna Karolina. Ela havia sido indiciada pela Polícia Civil por quatro crimes. A denúncia foi oferecida pelo Ministério Público Estadual e aceita pelo juiz Maurício Alexandre Ribeiro, da Vara Única da Comarca de Querência, no último dia 31.
A vítima foi morta com golpes de marreta na cabeça na casa da acusada após cair em uma emboscada, como concluiu a polícia. O corpo dela foi colocado dentro de sacos de lixo e o celular dela e a marreta usada no crime foram jogados dentro de uma cisterna em um terreno nos fundos da casa de Michele, que deve responder por homicídio qualificado por motivo torpe, subtração de incapaz, ocultação de cadáver e furto, pois teria vendido o carrinho da criança para uma mulher após o assassinato da vítima.
Os golpes de marreta foram dados quando a adolescente estava sentada na cama ouvindo música pelo celular com um fone de ouvido. À polícia, ela disse ter dado várias marretadas na cabeça da adolescente, porém, segundo o delegado, não seriam necessários muitos golpes para matar a vítima devido o peso da ferramenta usada no crime.
A família da vítima contou que ela tinha conhecido Michele em um posto de saúde da cidade havia dois dias antes da morte. A manicure, que fingia estar grávida para o marido e familiares dela, disse que tinha ganhado muitas roupas em um chá de bebê e que queria doar parte delas para a filha da adolescente, segundo o pai de Bruna, Gilberto Alves Guiaro.
A polícia conseguiu prender a suspeita porque Bruna tinha dito para os pais que iria na casa de Michele. Junto com a polícia, eles foram até a casa da suspeita e depois na casa da vizinha com quem Michele tinha deixado o bebê recém-nascido. Os avós reconheceram a criança e logo a polícia saiu em busca da suspeita, que confessou o crime. Ela alegou que 'precisava' da criança porque tinha dito para o marido e para os familiares que estava grávida, mas não era verdade.
Fonte: G1