Opinião

QUINIJÉ OLODÔ, YEMANJÁ Ô

No dia 2 de fevereiro as praias brasileiras ficam lotadas por conta das homenagens prestadas a Yemanjá, entidade do Candomblé, e, para entender melhor a origem desse mito, o livro ‘Yemanjá’, da baiana Carolina Cunha, publicado por Edições SM, conta de forma divertida a lenda da Deusa da Água e mãe de todas as coisas.

A obra é repleta de coloridas ilustrações desenhadas pela própria autora que remetem ao mundo de fortes tonalidades da cultura africana. Dois contos narram passagens importantes sobre a vida dessa mulher de rara beleza, símbolo da fartura, da feminilidade e da fertilidade. O primeiro deles descreve a passagem da Rainha do Mar pela Terra, ao se casar com a entidade da adivinhação, Orumilá-Ifá, e depois com Erinlé, um caçador de elefantes que provocou a ira de Yemanjá e sua volta ao mar.
 
Outra narrativa traz a história de um lavrador de favas que, ao colhê-las e deixá-las secar ao sol, é roubado. Ao tentar desvendar o mistério do sumiço de suas vagens, o agricultor se encontra com Yemanjá, a quem oferece comida e em troca, por muito tempo, sua fazenda foi a mais abastada da região. Yemanjá é parte da Coleção Okú Láilái, repertório de lendas clássicas da cultura e religião africanas dos povos yorubás, indicado para leitores de todas as idades (a partir dos 8 anos) que queiram saber e aprender ainda mais sobre os conceitos e crenças que regem o mundo desses personagens.

Sobre a autora e ilustradora Carolina Cunha: é baiana de Salvador, onde se conserva mais puro o legado Yorubá fora da África. Atraída pelos mistérios dos encantos africanos desde menina, acabou se tornando pesquisadora de línguas e artes africanas no Brasil. Em 2002, publicou ‘Aguemon’, seu primeiro livro. Pela SM lançou ‘Caminhos de Exu’, na Coleção Barco a Vapor, em 2005. Com ‘Yemanjá’, a autora apresenta o mundo mágico das águas primordiais. Há uma abordagem histórica e cultural muita rica nessas duas histórias. Boa leitura!

 

Rosemar Coenga

About Author

Rosemar Coenga é doutor em Teoria da Literatura, apaixonado pela literatura de Monteiro Lobato e semanalmente escreve a coluna Ala Jovem no Circuito Mato Grosso.

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