Não é a maior rivalidade do futebol paulista. Tampouco a mais badalada. Entretanto, ela existe e, nesta quarta-feira, depois de oito anos, volta a vir à tona. Tradicionais clubes da capital paulista, Nacional e Juventus se enfrentam em um horário nada nobre: a partir das 15h30, no Estádio Nicolau Alayon, casa do Naça, pela 16ª rodada do Campeonato Paulista da Série A3, terceira divisão de São Paulo.
Embalado com a boa fase do veterano atacante Gil, o time da Mooca lidera com folga a competição, com xx pontos, xxxx a mais que a vice-líder Inter de Limeira. Já a equipe da Barra Funda vive um momento bem diferente. Em 11º com 21 pontos, o NAC faz uma campanha mediana, dividida entre os xxx pontos de distância para a zona de classificação às quartas de final e os xxxxx que o distanciam da zona da degola.
Rivalidade "jovem"
Apesar da rica história de ambos clubes, membros-fundadores da Federação Paulista de Futebol em 1944, engana-se quem pensa que a rivalidade Juve-Nal é antiga. Pelo contrário, sua origem remonta ao início do Século XXI, e está intimamente ligada com a queda de produção do clube da Mooca.
Por muitos anos, a principal rivalidade do Juventus acontecia contra a Portuguesa, no "Clássico dos Imigrantes". Porém, o time grená, que chegou a vencer a Taça de Prata (equivalente à Segunda Divisão) do Campeonato Brasileiro em 1983, sofreu com um declínio na década de 90, sendo rebaixado duas vezes em 1998: primeiro para a Série A-2 do Campeonato Paulista (só voltaria à elite em 2002) e depois para a Série C do Brasileirão, depois de uma pífia campanha na Segundona.
Enquanto isso, a Portuguesa vivia uma boa fase na última década do Século XX, chegando ao vice-campeonato brasileiro de 1996 e, dois anos depois, às semifinais tanto do Nacional como do Estadual – quando foi eliminado pelo Corinthians em jogo polêmico.
Com isso, a rivalidade entre a ascendente Lusa e o decadente Juventus foi esfriando. Para se ter uma ideia, de 1998 para cá, as equipes apenas se enfrentaram por cinco vezes, a última delas no Campeonato Paulista de 2008, com vitória do Moleque Travesso por 3 a 2 na Rua Javari.
Nas divisões inferiores do futebol paulista, o time grená passou a ter no Naça um adversário comum, um novo rival. Misturando o bairrismo de Mocca x Barra Funda com as diferentes raízes – para o Juve, italiana; para o NAC, ingleses -, o duelo tornou-se marcante especialmente para as novas gerações de torcedores das duas equipes.
Clássico teve jogo de nove gols e "atacante-goleiro"
E alguns jogos foram cruciais para a construção da rivalidade. Em 2001, um fato curioso marcou a partida entre Juventus e Nacional pela Série A-2 do Campeonato Paulista. Naquele ano, o regulamento da competição não permitia empates, assim, se o tempo regulamentar terminasse com as equipes iguais, haveria disputa de pênaltis.
Naquele 24 de março, o 2 a 2 no placar, no Nicolau Alayon, obrigava a disputa das penalidades. O jogo nervoso e truncado terminou com o saldo de três expulsões da equipe da Mooca, uma delas o goleiro Júlio César. Sem mais substituições, o então treinador grená Ernesto Paulo decidiu mandar o centroavante Edivaldo para o gol. E deu resultado. O "atacante-goleiro" defendeu a cobrança de Ferrão e garantiu o triunfo juventino na Barra Funda.
Sete anos depois, aconteceria mais um Juve-Nal marcante. O "Juve-Nal do século" Um jogo que "ajudou a marcar o caráter de muitos juventinos, que o citam como o momento marcante para que se tornassem torcedores grenás", como definiu o torcedor Hamilton Kuniochi.
Pela Copa Paulista de 2008, a partida realizada em uma quarta-feira à tarde, no Nicolau Alayon, não prometia muitas emoções. Porém, as expectativas ruins foram quebradas. Logo no início do jogo, o Juventus abriu o placar com Davide, e sofreu a primeira virada aos 24 minutos, com César Santos e Levi, contra. Depois, aos 43, a equipe da Mooca estava novamente à frente do placar, com tentos de Davide, mais uma vez, e Thiago Luiz. Porém, no último lance da primeira etapa, os mandantes voltaram a igualar o marcador, com Magno.
E a chuva de gols não parou por aí. Um minuto jogado foi suficiente para Matheus colocar o NAC novamente em vantagem: 4 a 3. O gol fez o jogo ficar mais morno, com o Juventus pressionando. Porém, o apelido de "Juve-Nal do Século" não é em vão. Aos 26, o zagueiro Daniel empatou o embate: 4 a 4. E a virada final também saiu dos pés dele. Nos minutos finais da partida, o defensor chutou, a zaga afastou, mas o árbitro assinalou que a bola ultrapassou a linha. Travessura juventina na Barra Funda: 5 a 4.
Fonte: Terra