Com um orçamento de mais de R$ 101 bilhões para este ano, o Ministério da Educação virou nos últimos dias alvo central da disputa entre PT e PMDB. Desde que deixou de ser comandada pelo ex-ministro Cid Gomes, a pasta tornou-se o ponto focal das mudanças que estão sendo preparadas pela presidente Dilma Rousseff no ministério. A troca de comando na Educação, no entanto, é a única admitida por Dilma até agora.
“Em breve vamos nomear um ministro. Não ficará nas mãos de um interino”, comentou Dilma, logo após a solenidade de lançamento da medida provisória que define a política de reajuste do salário mínimo até 2019. Dilma ainda não sinalizou com quem ficará a pasta. O único sinal da presidente até agora foi um pedido feito na reunião da coordenação política, na segunda-feira: “Tragam-me bons nomes para a Educação”.
O PMDB trabalha para emplacar o nome de Gabriel Chalita, atualmente secretário na administração de Fernando Haddad e que deve ocupar a vaga de vice na chapa de reeleição do petista. O próprio vice-presidente, Michel Temer, é partidário da ida de Chalita para a pasta.
O PMDB da Câmara ainda espera uma vaga no ministério de Dilma para Henrique Eduardo Alves, ex-presidente da Câmara que ficou sem mandato após concorrer ao governo de seu Estado, o Rio Grande do Norte. Ele deve ter seu nome confirmado no Turismo ainda nesta semana.
A presidente Dilma Rousseff tem resistido à pressão para seguir a sugestão de vários setores do PT, inclusive do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para que as mudanças sejam mais amplas e que atinjam os ministros do Planalto. Nessa conta, o plano poderia incluir a transferência de Aloizio Mercadante para o MEC, deixando a Casa Civil para Jaques Wagner (Defesa). Essa proposta de redesenho da Esplanada prevê ainda uma mudança nas Relações Institucionais, hoje comandada por Pepe Vargas.
Diante dos sinais de resistência da presidente, petistas que defendiam a saída de Mercadante da Casa Civil passaram a minimizar as pressões, dizendo se tratar de “sugestões”. Um dos partidários de Lula admite os recados dados à presidente, mas justifica que Mercadante, conhecido por sua “pouca habilidade em conversar”, seria mais útil em pastas como a Educação, que já comandou.
Alternativas dentro do PT
Mesmo com a entrada do nome de Chalita nas negociações, o PT ainda alimenta as esperanças de recuperar o controle da pasta. Na terça-feira, a bancada do partido se apressou em discutir o assunto e cogitou a indicação do ex-deputado Newton Lima (PT-SP), que integra a corrente interna ligada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lima foi reitor da Universidade Federal de São Carlos, prefeito da cidade do interior paulista por duas vezes e participou do debate do Plano Nacional de Educação no Congresso. Perdeu as últimas eleições quando tentou se reeleger deputado federal.
Além dele, houve quem defendesse a transferência da atual ministra da Igualdade Racial (Sepir), Nilma Lino Gomes, para a Educação. Nilma foi reitora Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Outro nome que pode ser apresentado pelo PT é o do deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG). Lopes, que tentou ser titular da pasta no início do segundo mandato de Dilma, voltou a se articular dentro da bancada para ter seu nome levado à Dilma.
Petistas já aguardam as movimentações da presidente como sinal do que poderá ocorrer no ministério. A aposta de deputados ligados a Lula é de que, se ela nomear alguém para a Educação até a próxima semana, é sinal que Mercadante fica na Casa Civil. Se não, ela pode estar pensando nas “sugestões” apresentadas pelo ex-presidente.
Fonte: iG