Preparo, foco e determinação foram o diferencial para que a Carolina Azevedo, de 26 anos, conseguisse passar no teste de aptidão física do concurso para agente da Polícia Federal, um dos mais difíceis do Brasil, estando grávida de seis meses.
A bacharel em direito contou que, quando soube que havia passado nas provas objetivas, fez as contas e descobriu que faria o teste físico com 24 semanas de gravidez.
Apesar de estar se preparando para concursos há três anos, tanto para a parte objetiva quanto a física, faltava apenas um mês para o teste e havia muito por fazer.
“Fiquei com medo de não conseguir passar em todos os testes, porque o teste físico eu considero tão difícil quanto a parte subjetiva. Assim, quando eu passei para agente da PF, eu sabia que teria de me preparar para o teste estando com seis meses de gravidez. Então, eu tinha 30 dias de treinamento intenso, claro que respeitando as limitações que vêm com a gravidez, já que eu havia aumentado oito quilos”, contou.
Carolina contou que o fato de realizar atividades físicas há três anos foi fundamental para o sucesso no teste. Para ela, a questão foi de adaptação.
“O que eu mais senti durante o treinamento foram as dores nas costas e abdominais. Mas como eu já tinha um bom condicionamento físico, porque eu já me preparava, não foi tão difícil assim (manter o treino). Eu tive que adaptar as atividades. Tudo acompanhado pela minha obstetra, meu personal trainer e também uma fisioterapeuta”, afirmou.
Teste, susto e aprovação
O exame de aptidão física para agente da PF consiste em quatro testes de realização obrigatória. Para as mulheres, são a barra estática com permanência mínima de 15 segundos, teste de impulsão (salto) com distância mínima de 1,66 metro, 50 metros de natação com tempo máximo de 52 segundos e 2,02 km de corrida com um tempo máximo de 12 minutos.
O edital não leva em conta qualquer tipo de alteração no corpo do candidato. “Os casos de alteração psicológica e (ou) fisiológica temporários (estados menstruais, gravidez, indisposições, cãibras, contusões, luxações, fraturas etc.) que impossibilitem a realização do exame ou diminuam a capacidade física dos candidatos não serão levados em consideração, não sendo concedido qualquer tratamento privilegiado”, afirma o texto do edital.
No dia da prova, realizada no fim do mês de fevereiro, Carolina compareceu ao local de realização do teste de aptidão física com seu atestado médico, item obrigatório e previsto no edital, a declarando apta para a realização dos exercícios.
A barra foi vencida com certa facilidade, conseguindo a concurseira permanecer 35 segundos suspensa. A parte do salto também foi conquistada com sucesso, alcançando 1,83 metros. Já na terceira parte, a natação, Carolina passou mal e teve de ser atendida por uma ambulância.
“São duas tentativas para cada candidato e eu parei na primeira, porque senti muitas dores abdominais e fui socorrida pela ambulância. Me deram um intervalo de 20 minutos para recuperar o fôlego e tentar novamente”, contou.
Durante o atendimento médico, ela disse ter ficado com medo, apreensiva por talvez não ser capaz de concluir o exercício e com isso perder a chance de concluir o sonho de ser policial federal.
“Eu fiquei muito nervosa e apreensiva, porque ser uma policial é um objetivo pelo qual você dedica muito tempo da sua vida. É uma meta. A gravidez foi uma surpresa. Então quando você vê acontecer alguma coisa diferente do que você planejou, isso te cria uma apreensão. Mas felizmente na segunda tentativa, eu consegui”, disse, abrindo um largo sorriso.
Apesar de todo o esforço e sucesso nas duas primeiras etapas do concurso, Carolina fala que precisa manter a calma e o foco. “Eu ainda não estou dentro da carreira que almejo. Porque eu passei em duas etapas e ainda faltam outras três (exame médico, avaliação psicológica e investigação social). Ainda estou mais fora do que dentro”, finalizou.
Fonte: G1