Para os familiares de Patrícia dos Santos, grávida de nove meses que foi baleada e morta na madrugada deste sábado (14) em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, o pai da criança é o principal suspeito do crime. A estudante foi assassinada a 200 metros de casa, quando a família pensava que estivesse dormindo. Em entrevista ao G1, o pai de Patrícia, Edvaldo Cardoso, disse que a filha mantinha um relacionamento amoroso há dois anos com um policial militar casado, mas só ficou sabendo da situação do companheiro quando comunicou que estava grávida. “Depois da gravidez, ele veio aqui conversar com a gente e disse que era casado e tinha dois filhos,” conta Edvaldo Cardoso.
A Polícia Militar e a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) informaram nesta terça-feira (17) que "tendo em vista a indicação de familiares da vítima de que Patrícia teria envolvimento com um policial militar, este foi identificado e conduzido à delegacia de homicídios de Mogi, onde foi ouvido. Verificou-se que o policial estava de folga no momento de crime. Sua arma particular e a arma da Polícia Militar que tinha como carga foram apreendidas. Em seguida, o policial foi conduzido à Corregedoria PM, onde permanece à disposição. O PM não está preso."
O comandante interino de Policiamento de Área Metropolitano (CPA), na Capital, Nelson Celegatto, informou que trata-se de um policial da Força Tática do 17º Batalhão da Polícia Militar. "É uma forma de tirá-lo do cenário e preservar as investigações que estão sendo feitas pela Polícia Civil, que, inclusive, avalia a participação de outras pessoas", esclareceu o comandante.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP) as investigações seguem sob sigilo. O G1 tenta contato com o advogado do policial.
Ainda segundo a família, Patrícia teria dado à luz um dia após seu assassinato. “Ele só veio uma vez aqui e disse que iria assumir só a criança e a minha filha não porque era homem casado. Nós não achamos problema nisso, apesar de ele nunca ter ajudado em nada durante a gravidez. Mas nós também não pedimos a ajuda dele. Eles mais conversavam por telefone.”
A família afirma que a estudante de enfermagem não recebia ameaças e não tinha inimigos. “Ela se relacionava bem com todo mundo. Não tinha nenhum inimigo, de jeito nenhum!”, ressalta o pai.
Lilian Alves, prima de Patrícia, conta que a moça era tranquila e reservada. “A vida dela era trabalhar e estudar. Desde que soube que estava grávida, ficou feliz com a ideia de ser mãe e ocupava seu tempo preparando o enxoval da criança. Ela dizia que ia cuidar da filha sozinha.”
Entenda o caso
Patrícia dos Santos foi atingida por seis tiros na madrugada de sábado (14), um dia antes de dar à luz a sua primeira filha, que se chamaria Ana Laura. O crime foi na esquina das ruas Benedito Alves dos Anjos e Álvaro de Carvalho, no Jardim Itapeti, em Mogi das Cruzes.
A estudante foi assassinada a 200 metros de casa. De acordo com o boletim de ocorrência, a família achava que ela estivesse dormindo no momento do crime. O veículo da vítima, segundo a polícia, permaneceu na garagem e objetos pessoais e dinheiro não foram levados. O celular da gestante não foi encontrado. O caso foi registrado como homicídio doloso (quando há intenção de matar) e aborto.
“Minha filha estava toda feliz com o quartinho arrumado para a chegada da bebê,” contou Edvaldo Cardoso de Jesus. “Foi uma morte trágica, não precisavam ter feito isso. Eu estava feliz porque ia nascer minha neta e acabou que eu tive que enterrá-la junto com a minha filha”, lamenta.
Fonte: G1