Cidades

Soja modificada é usada como biofábrica de proteína anti-HIV

Sementes de soja transgênica (geneticamente modificadas) são a mais nova aposta da ciência para ser usadas como biofábricas de cianovirina – uma proteína muito eficaz no combate à Aids e extraída da alga azul-verde (Nostoc ellipsosporum). O objetivo final é desenvolver um gel para que as mulheres apliquem na vagina antes da relação sexual, impedindo assim, a infecção pelo vírus.  

O estudo publicado na revista norte-americana “Science” contou com a participação de pesquisadores da unidade de Recursos Genéticos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Brasília.

“Estamos usando a soja para a produção da molécula com alto valor agregado que, nesse caso, inibe a replicação do HIV, mas a ideia é expandir a utilização de plantas, hoje ligadas basicamente ao setor agrícola, para abrir a outros negócios, como industrial e farmacêutico”, explica o pesquisador Elíbio Rech.

avanços. A molécula inicialmente isolada pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, sigla em inglês) já tinha seus efeitos comprovados desde 2008, a partir de testes realizados com macacos pelo instituto norte-americano.

O desafio, então, era encontrar uma forma viável para a produção em larga escala. Para isso, foram realizados testes com plantas de tabaco, bactérias e levedura, mas a única biofábrica que mostrou viabilidade foi a semente de soja transgênica. (Veja o infográfico)

Com a ajuda da engenharia genética, a Embrapa foi a responsável por essa etapa do estudo. “Já produzimos vários ciclos dessa soja, que demorou três meses para ser desenvolvida. Na verdade, desde 2007 já temos a planta transgênica com a proteína, mas o grande avanço foi fechar o que chamamos de estágio de domínio tecnológico piloto, ou seja, saber que a linhagem de soja produz grande quantidade, além de desenvolver um sistema para purificar a proteína”, afirma Rech. O pesquisador explica também que, tratada como medicamento, a soja será produzida sob condições de contenção, em estufas, para não “entrar na cadeia alimentar e causar nenhuma mistura com a soja para a alimentação animal e produção de óleo”.

Segundo Rech, os estudos pré-clínicos devem ser iniciados ainda durante primeiro semestre e já atraíram interesse de grupos da Inglaterra, Estados Unidos e da África do Sul.

Livre acesso

HIV. Países com altos índices de infestação terão licença de produção e uso interno, livre do pagamento de royalties. A África é o continente mais afetado pela doença, com 24,7 milhões de contaminados.

Fonte: iG

Redação

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