De moto, pai e filha procuravam as vítimas pelas ruas de Cuiabá. Enquanto o pai as mantinha paralisadas com uma arma apontada na cabeça ou outra parte vital do corpo, a filha retirava os pertences, celulares, relógios, carteira e o que mais pudesse interessar. Parte dos bens subtraídos jamais foi recuperada. Cenas assim foram narradas por nove das 40 vítimas à juíza Maria Rosi de Meira Borba, que sentenciou os dois a 13 anos, seis meses e 4 dias de prisão. Todas essas vítimas fizeram o reconhecimento da dupla familiar, Ozayr Monteiro da Silva, de 46 anos, e Rafaela Bezerra da Silva Monteiro, 20.
A comerciante S.L.M. foi abordada em frente à loja dela, de roupas femininas, no dia 11 de abril de 2014. “Eu tinha saído para ir à mercearia ao lado, quando a moto parou. Eu pensei que era cliente e fiquei esperando a pessoa tirar o capacete para ver se eu reconhecia. E nisso foi quando ele falou que era um assalto e apontou a arma na minha barriga”, narra a comerciante, que ficou sem a carteira. Depois do roubo, a moto seguiu em “desabalada carreira”.
Outras duas vítimas, colegas de trabalho, saíam para almoçar e, quando caminhavam em direção aos seus carros, foram abordadas da mesma forma, de moto e com arma apontada para cabeça. Elas ficaram as bolsas, contendo dinheiro, celulares, documentos e objetos pessoais. Uma delas conta que tentou correr. “Ele apontou a arma para a minha amiga e eu corri. Eu corri até uma certa distância deles. Mas ele me fez voltar, ameaçando atirar, e me mandou jogar a bolsa no chão. Aí eu fiquei parada, esperando. A filha veio, abaixou, pegou as bolsas, olhei bem no rosto dela. Não tive nenhum problema em reconhecê-la, tanto como foto, como pessoalmente”. A amiga, que ficou sob a mira do revólver, destaca que “a moça agiu muito rapidamente”, pegando os pertences das duas.
Outra vítima saía da aula de inglês no início da noite. Pai e filha na moto abordaram L.S.L. no dia 07 de julho de 2014, por volta das 18h40. A moça estava indo para o caro dela que estava estacionado quase em frente à escola de inglês. “Quando eu coloquei a chave no meu carro para entrar, eles estavam passando. Quando eles me viram, desistiram de seguir reto, fizeram a curva e vieram. Como eu vi eles vindo eu parei […] e fiquei esperando eles passarem para e poder abrir a porta. No que eu passei, ele já veio gritando, o homem: ‘assalto, assalto, assalto’. E eu estava com minhas coisas só. Eu vi que ele estava armado, eu entreguei pra ele. Nisso ela desceu igual a uma rata, arrancando, puxando os meus brincos, a corrente. O relógio não estava saindo e ela puxou nervosa e saíram andando, normalmente. Pensei até que iam levar a chave do meu carro, mas não levaram. Tranquilo. Me deram um prejuízo de quase cinco mil reais, porque tinha dinheiro, tinha telefone, tinha material”.
Para determinar a pena, a juíza levou em consideração os reiterados assaltos confirmados, com os relatos convincentes das vítimas. Mas, na decisão, não precisou há quanto tempo a filha acompanha a vida criminal do pai, que oficialmente é vendedor de carros.
Quanto ao motivo dos crimes, a juíza afirma que “não foram outros senão levar uma vida sem sacrifícios e trabalho, visando, obviamente, o lucro fácil”.
Pai e filha não assumiram para si nenhum dos roubos e negam veementemente que sejam autores dos delitos. O pai está na Penitenciária Central do Estado (PCE) e a filha no Presídio Feminino Ana Maria do Couto May, onde vão cumprir a sentença judicial.
Fonte: Terra