O Eurogrupo e a Grécia chegaram nesta sexta-feira (20) a um acordo para prorrogar a ajuda financeira a Atenas, após negociação que envolveu ministros das Finanças europeus e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O programa de resgate para o pagamento da dívida grega foi prorrogado por mais quatro meses, evitando assim um calote a credores internacionais, que poderia tirar o país da zona do euro.
O acordo ainda deixou vários pontos sem solução, incluindo quais reformas Atenas levará a cabo para obter a ajuda adicional que receberá nessa extensão. Autoridades da zona do euro disseram que o país vai enviar uma carta ao Eurogrupo na segunda-feira (23) listando quais serão as medidas tomadas em troca do resgate.
"As autoridades gregas vão apresentar a primeira lista de medidas de reformas, baseada no acordo atual, até o fim de segunda-feira, 23 de fevereiro", informou o documento, que confirmou um acordo para estender o programa de resgate de Atenas por quatro meses.
Segundo a Reuters, acordo retira o risco imediato de o país ficar sem dinheiro no próximo mês e abre espaço para o partido do governo negociar a dívida de longo prazo com seus credores.
A negociação envolveu ministros das Finanças da Grécia e Alemanha e a diretoria do FMI e recebeu o aval de 19 membros do Eurogrupo, encerrando semanas de incertezas sobre o futuro da dívida grega.
Entenda o impasse
Afundada em uma dívida de 185% de seu PIB em 2014, a Grécia elegeu este ano um governo que quer abandonar as duras medidas de austeridade (cortes de gastos) impostas por um acordo de resgate com a União Europeia e o FMI para pagar sua dívida externa.
O país pediu para trocar o programa de ajuda de 240 bilhões de euros – que expira em fevereiro –, por um empréstimo de mais seis meses, que a desobrigaria de seguir regras tão rígidas. Se um acordo não saísse, a Grécia poderia ficar sem dinheiro já no fim de março e, com isso, correria o risco de deixar a zona do euro.
A Alemanha e outras economias fortes da zona do euro pediram garantias de que a Grécia vai atender às rígidas condições impostas por seu resgate internacional, mas Atenas estava determinada a reduzir a austeridade, acreditando que isso vai reanimar sua combalida economia.
Na última década, a Grécia gastou bem mais do que podia, pedindo empréstimos pesados e deixando sua economia refém da crescente dívida. Nesse período, os gastos públicos foram às alturas, e os salários do funcionalismo praticamente dobraram.
Enquanto os cofres públicos eram esvaziados pelos gastos, a receita era afetada pela evasão de impostos – deixando o país totalmente vulnerável na crise de crédito de 2008.
Atualmente, a dívida grega é de cerca de 320 bilhões de euros (em torno de R$ 1 trilhão) e supera, em muito, o limite de 60% do PIB estabelecido pelo pacto assinado pelo país para fazer parte do euro.
O montante da dívida deixou investidores relutantes em emprestar ao país. Hoje, eles exigem juros bem mais altos para novos empréstimos.
Fonte: G1