A Imperatriz Leopoldinense conquistou o Estandarte de Ouro de melhor escola do Grupo Especial do carnaval deste ano. A escola desfilou com um enredo afro e exibiu na Sapucaí um desfile leve e colorido.
O abre-alas da Imperatriz trazia animais como rinocerontes e leões, todos em cores cítricas, inspirados em um projeto social angolano. A Imperatriz trouxe ainda para a avenida um grito contra o preconceito, com várias personalidades, como a apresentadora Glória Maria. O último carro prestou uma homenagem ao líder sul-africano Nelson Mandela. O diretor de carnaval da escola, Junior Escafura, comemorou o resultado:
— A escola cantou muito, evoluiu muito e o tempo inteiro ao longo do desfile. Os componentes estavam muito felizes com o trabalho realizado. O estandarte é o reconhecimento e a gente sempre sonha com isso. Trabalhamos demais e sonhamos bastante para fazer um grande desfile.
Além do estandarte de melhor escola, a Imperatriz faturou ainda outros dois primeiros: samba-enredo e comissão de frente. Para o júri, o samba "Axé, NKenda! Um ritual de liberdade – e que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz' serviu bem ao enredo e garantiu um dos carnavais mais animados dos últimos anos da escola.
— Desde que foi escolhido, nosso samba-enredo foi apontado como um dos melhores do carnaval 2015. A gente já sabia que tínhamos muita chance de conquistar o estandarte. O samba foi muito correspondido na Avenida — concordou Escafura.
Já o coreógrafo da comissão de frente, Fabio de Mello, garantiu seu sétimo estandarte.
—É incrível. Depois de tantos anos fora da escola, estou recebendo o sexto na Imperatriz e o sétimo na minha carreira. Foi uma grande surpresa, apesar de ter ficado feliz com o resultado do trabalho. A Imperatriz me pediu que eu trouxesse um trabalho como o que fazíamos nos anos 1990. Ficamos na dúvida se o público gostaria, e o estandarte nos trouxe essa resposta. Nosso objetivo foi resgatar a identidade da comissão de frente. É um orgulho muito grande ser premiado sete vezes com o maior prêmio do carnaval do brasileiro.
SÃO CLEMENTE LEVA DOIS PRÊMIOS
A carnavalesca Rosa Magalhães, que estreou este ano na São Clemente, conquistou o Estandarte de Ouro de melhor enredo. A escola homenageou a era Fernando Pamplona, inventor do carnaval contemporâneo, responsável pela reforma estética dos desfiles e primeiro carnavalesco a homenagear um herói negro, Zumbi dos Palmares, em 1960.
— É muito complicado fazer e escolher enredo. E foi um enredo bem aceito. Acho que quando uma pessoa vai fazer o carnaval, a expectativa é saber o que as pessoas vão falar. Não esperava pelo prêmio. É sempre uma surpresa — afirmou Rosa.
A São Clemente teve também a melhor ala, a Geometria.
— A ala é de uma simplicidade e tem muito relação com o carro alegórico. Fiquei muito satisfeita com o resultado do trabalho — analisou a carnavalesca.
A melhor porta-bandeira foi Squel Jorgea, da Mangueira. Para o júri do GLOBO, Squel soube aproveitar a chuva e dançou maravilhosamente bem. Em seu segundo ano pela verde e rosa, ela conquistou pela primeira vez o prêmio e ficou emocionada ao receber a notícia.
— Isso é muito bom. É meu primeiro estandarte de ouro. Os 40 pontos são essenciais, mas o estandarte serve para coroar uma carreira, nossa dedicação. É tanto esforço, passamos por tanta coisa… Então, o prêmio é até um consolo. Eu estava me sentido abençoada, mesmo com toda aquela chuva. Estou com ombro e cintura doloridos, porque foi preciso muito esforço. Com a chuva, o peso da fantasia aumenta mais ainda. Estou muito feliz. Foi muita oração.
Já o estandarte de melhor mestre-sala foi para um veterano no prêmio: Claudinho, da Beija-Flor, cuja apresentação foi considerada um espetáculo à parte na Avenida.
— É um trabalho de muitos anos. Essa semana estava conversando com a Selminha. Esse é o sexto estandarte da minha carreira e empatei com ela. Foi um ano muito difícil, porque abraçamos uma causa dentro da escola, não fomos bem-sucedidos no carnaval anterior. Tentamos fazer o melhor a cada dia de ensaio e no desfile não foi diferente. Ela (Selminha) é minha parceira, minha amiga, está 100% junto comigo. Ninguém é forte sozinho, dedico a ela e a toda minha família e à comunidade Beija-Flor. Tem que repartir um pedacinho pra cada um — brincou.
O prêmio de melhor puxador foi para Luizito da Mangueira, que levou a escola a cantar na avenida. Com 60 anos de idade, Luizito afirmou que não esperava ganhar o prêmio do GLOBO, o primeiro de sua carreira.
— É a coroação de um trabalho de 35 anos e de um esforço tremendo. Todo mundo diz que eu canto com o coração. Eu tento dar alegria à minha escola, às pessoas que me ouvem… É a realização de um sonho.Fico lisonjeado. São 18 anos cantando na Mangueira.Como intérprete oficial, estou desde 2008. Em 2007, infartei durante um ensaio técnico, mas em 2008 fui para a Avenida pela primeira vez como intérprete oficial da Mangueira.
A Mangueira tambem levou o prêmio de personalidade do ano. Nelson Sargento foi o escolhido por representar a melhor tradição da escola.
— Quando nosso trabalho é reconhecido, a gente fica muito feliz. A vida só é ruim para quem não sabe esperar. Eu espero tudo de bom da vida. As coisas boas podem vir devagar, mas chegam. Nos dias de carnaval eu sou Mangueira, mas fora do desfile eu sou todas as escolas. Todas as escolas defendem a vida de um 'cidadão' que se chama samba — ensinou o bamba mangueirense.
O prêmio de melhor ala de passistas tambem foi para a Verde Rosa. O diretor de carnaval da escola, Junior Shall, comemou, afirmando que foi um trabalho não só da ala de passistas, mas um conjunto de todos os componentes.
— A coroação veio por meio da ala de passistas, mas é conjunto. Na ala dos passistas há meninos e meninas muito novos. Se você deixa de renovar e construir o futuro, a escola perde uma função primordial. Essa ala é o seio da agremiação. A escola precisa de fontes de reconhecimento, e o estandarte vai estimular que o trabalho continue sendo feito e sendo reconhecido. Vejo esse prêmio com muito bons olhos e estou muito feliz.
A bateria da Unidos da Tijuca faturou o prêmio da categoria. O júri considerou que mestre Casagrande garantiu a melhor cadência do samba na avenida.
REVELAÇÃO É PORTELENSE
O mestre-sala da Portela, Alex Marcelino, de 33 anos, ficou com o prêmio de revelação do ano.
— É fruto de trabalho. Estou muito feliz e não tenho palavras para dizer mais nada. É o primeiro da minha carreira — disse, exaltado de alegria.
O melhor passista masculino foi Gabriel Castro, da Mocidade, que deu um show na Sapucaí. Ele recebeu com alegria o fato de ter sido escolhido o melhor passista e disse esperar ser o primeiro prêmio de muitos.
Com 26 anos de idade e 11 como passista, Gabriel disse ter sido uma honra conquistar o prêmio que muitas pessoas que admira já levaram, como Valcir Pelé, Audione Sena e muitos outros. Diretor da ala de passistas da Império Serrano, Gabriel é também há três anos passista da Mocidade. Ao fim do deslile de domingo, ele fez questão de chamar os passistas mais antigos da escola para lhes dizer que aprendeu os passos vendo eles dançarem.
Lucieni Santinha, da Grande Rio, faturou o prêmio de melhor passista feminina.
Já a melhor ala das baianas ficou com a Viradouro. O carnavalesco João Vitor Araújo comemorou o prêmio.
— Elas merecem esse reconhecimento, foram muito guerreiras. Elas deram o recado delas durante o desfile. O estandarte é uma coroação.
No domingo, o júri do Estandarte de Ouro havia escolhido a Unidos de Padre Miguel como a melhor escola da Série A do carnaval carioca. Já a Renascer de Jacarepaguá foi premiada com o melhor samba-enredo da Série A.
Considerado o "Oscar do carnaval carioca", o Estandarte de Ouro foi criado em 1972 por um grupo de jornalistas do GLOBO. O prêmio é distribuído após uma avaliação de 12 jurados e tem como missão reconhecer a criatividade e a inovação das escolas do Grupo Especial e da Série A.
Fonte: G1