Regulamentado pelo Banco Central no final de 2013, o serviço oferecido pelas empresas que emitem cartões pré-pagos de uso geral segue a mesma lógica das contas de telefonia pré-pagas. Diversas empresas oferecem o serviço, dentre elas o Zuum, a Super, o Itaú pré-pago, o Acesso Card e Ouro Card pré-pago.
Geralmente, o cliente compra o cartão, faz um cadastro na empresa que oferece o serviço, carrega com dinheiro e pode gastar essa grana para comprar, transferir valores, sacar nos caixas eletrônicos e fazer pagamentos. Só é possível gastar o saldo depositado. Por isso, o usuário não faz dívidas.
Alguns cartões também são oferecidos junto com serviços das operadoras de telefonia. Este é o caso da Zuum (Vivo), do Meu Dinheiro Claro e da Oi Carteira.
Olivia Aki, diretora de produtos da Visa, lembra que os pré-pagos são velhos conhecidos dos brasileiros, que já usam vale-alimentação, vale-refeição e cartões de viagem. A diferença é que agora existem produtos para atender especificamente à população de baixa renda.
— Começamos a entender que os pré-pagos são soluções para aquela parcela da população que não tem conta em banco e não quer mais correr o risco de manter o dinheiro guardado na carteira ou embaixo do colchão. O mercado ainda é pequeno, mas tem tudo para crescer.
A especialista considera o serviço um “primeiro passo” para inserir essa parcela da população no sistema bancário tradicional.
— O produto também ajuda na educação financeira porque o consumidor só pode usar o saldo e tem acesso a um extrato que mostra onde está gastando. Com dinheiro vivo, isso era mais difícil. O cenário é bem promissor e as empresas estão se movimentando para oferecer vários tipos de cartões pré-pagos.
Alexandre Brito, vice-presidente de aceitação da Mastercard, projeta que os pré-pagos podem movimentar R$ 65 bilhões no País em 2017. O número, porém, ainda não é tão representativo se comparado com o total movimentado por todos os cartões (somando débito e crédito). Esse segmento movimentou cerca de R$ 1 trilhão em 2014.
A previsão, retirada de uma pesquisa que a MasterCard encomendou para a Boston Consulting Group (BCG), indica que, no mundo, o setor de cartões pode atingir R$ 21 trilhões (US$ 822 bilhões) em oportunidades daqui a dois anos.
Outro estudo da Euromonitor, feito a pedido do GSPP (Grupo Setorial de Pré-Pagos), projeta que cartões desses em circulação neste ano somariam 81 milhões de unidades. Já o montante transacionado em 2017 foi estimado em R$ 117 bilhões.
Desvantagens
O consultor Carlos Ogata lembra que o mercado de cartões de débito pré-pagos ainda está em desenvolvimento e não garante toda a comodidade para fazer os clientes adotarem o serviço em massa.
O principal problema, segundo ele, é a necessidade de imprimir um boleto para carregar o produto quando o usuário quer depositar dinheiro.
— A recarga não está muito bem resolvida. O cliente também tem que esperar o saldo cair na conta antes de usar. É preciso instituir uma rede de recarga melhor, parecida com a que temos na telefonia celular, onde se recarrega em quase todos os estabelecimentos.
Ogata também indica que um sistema de bonificação poderia estimular a adesão, ainda muito baixa no País.
Brito, da Mastercard, concorda que a cadeia dos cartões pré-pagos está incompleta e que o consumidor típico sem conta em banco ainda tem o inconveniente de imprimir um boleto para recarregar.
— É um fator que dificulta, mas nós desenvolvemos um sistema que deve entrar no mercado neste ano e solucionar as barreiras da recarga.
Outro diferencial negativo são os serviços de saque em dinheiro nos pré-pagos realizados em terminais bancários, que são pagos. Se o cliente for fazer muitos saques, as tarifas são menos competitivas quando comparadas com os serviços das contas tradicionais onde os saques são gratuitos.
Fonte: R7