Cidades

Idosos sofrem com maus-tratos em Cuiabá

Cerca de 90% das denúncias no Conselho Municipal do Idoso da Capital são de violência doméstica. E, na maior parte dos casos, o agressor se trata de um parente próximo, como sobrinhos, netos ou até filhos das pessoas agredidas. Este triste dado, segundo especialistas, reflete no perfil da família brasileira, que vem mudando com o tempo.

Segundo o presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa (Comdipi), Jerônimo Urei, este tipo de violência faz parte de um novo fenômeno que se alastra entre as famílias brasileiras. “Há um fenômeno novo que é a violência doméstica contra o idoso. Digo isso porque nos anos 80 e 90 não havia tanta incidência como há hoje. Essa é uma questão cultural da família, que mudou um pouco o perfil”.

Ele revela que a maior parte das agressões é cometida por parentes próximos, que exercem diferentes tipos de violência contra o idoso. “Aqueles que tinham o dever de cuidar acabam cometendo as agressões. E entre essas agressões estão as físicas, psicológicas e também a violência patrimonial”.

Este último tipo de violência, explanado por Urei, ocorre quando o responsável pelo idoso se apropria indevidamente dos benefícios que ele recebe, como a aposentadoria. Em alguns casos, o ‘agressor’ acumula dívidas no nome da vítima, sem o consentimento dela. “Existem muitos idosos que sustentam a casa. Existem muitos casos de filhos que largam as próprias crianças para o idoso cuidar”.

Em média, o Conselho da Capital recebe dez denúncias por mês, número que, de fato, é muito maior no ponto de vista do presidente. “Média de 10 denúncias por mês. Mas para cada número, mais vinte se omitem, pelo fato de eles terem que voltar pra casa do agressor, o algoz. E, no fim das contas, ele não tem quem cuida dele”.

Embora haja proteção ao idoso através do Conselho Municipal, Jerônimo defende que haja uma delegacia especializada para este tipo de caso. “Em Cuiabá tem que existir uma delegacia direcionada para o idoso, como tem para a criança ou para a mulher. Já está passando da hora de existir este tipo de serviço”.

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Noelisa Andreola

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