A realidade das escolas públicas estaduais entristece a qualquer um, principalmente ao educador. É muro e telhado caindo, rachaduras nas paredes, algumas até sustentadas por escoras, carteiras quebradas, quando o problema não é a falta delas. Curto-circuito, alagamento, goteiras, infiltrações, banheiros sem portas, ou enferrujadas, sanitários que não funcionam e mau cheiro por falta de encanamento de esgoto, entre outras deficiências que vão além do pedagógico.
Esta é a situação estrutural de apenas duas das 748 escolas estaduais, localizadas no bairro CPA 2, em Cuiabá. Uma delas é a Escola Estadual Professora Ana Maria do Couto, na Avenida Brasil, a outra, a poucas quadras desta, é a Escola Estadual Professor Benedito de Carvalho.
“É muito complicado porque a gente passa mais tempo lidando com problemas estruturais do que com o pedagógico, que é a nossa função. A gente está aqui para fazer a aprendizagem acontecer e vê lâmpada estourando, goteira e telhado ruim, coisas que demandam um tempo grande. Isso leva a gente a ter de sair da escola e fazer pesquisa de preço e voltar para resolver coisas que realmente não são o foco da escola”, relata a diretora da Escola Benedito de Carvalho, Rebeca Ruiz.
Ela está há um ano na direção desta escola estadual, que existe há 34 anos e nunca foi reformada, e lamenta o fato de “ficar presa na parte estrutural”. Esta é a grande reclamação dos diretores em geral.
“A gente tenta dar uma maquiada. Colocar um mural aqui, pintar uma coisa ali, para tentar ficar mais bonito, mas nem sempre é possível. Quando a gente olha a estrutura, dá uma desanimada mesmo, porque a vontade é de que seja melhor”, pontua Rebeca.
Nunca reformada
Na unidade, a haste da bandeira, que segundo ela não era mais usada, foi retirada pois inviabilizava o estacionamento de bicicletas e as crianças se penduravam nela, o que gerou muitas idas até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), por se machucarem com frequência.
A Benedito de Carvalho tem o atendimento do ensino fundamental 1, que é para crianças com seis anos de idade, até o nono ano, de 14 anos. Então há a necessidade de um ambiente com lazer propício, o que não existe para as 510 crianças e adolescentes.
O que se vê na área que era para ser de lazer é um cercado com pilares deteriorados de concreto, com piso de areia e pedregulho, e um projeto de uma miniquadra, com uma tabela de basquete de madeira sem o aro, e calçamento com rachadura.
A escola tem 12 salas de aula e há 34 anos o resultado da falta de manutenção da Benedito de Carvalho é o comprometimento do telhado, que corre o risco de desabar em quatro delas.
“A parte do telhado é muito séria, porque alaga dentro da sala de aula. A parte elétrica estoura, pega fogo, sai fumaça, e as crianças saem correndo, o que é constante. Então é complicado. Houve já uma reforma na parte elétrica, há mais ou menos 10 anos”, ressalta Rebeca.
Segundo a diretora, além disso, existe um problema sério na parte de esgoto, que é todo feito em tijolinho por baixo da escola. Ou seja, não há encanamento, o que causa mau cheiro até nas salas de aula, principalmente no mês de agosto.
Os professores e funcionários não têm banheiro próprio e fazem uso dos destinados a PNE (Portadores de Necessidades Especiais). Já a dos alunos, metade funciona, jogando soda para desentupir.