A antiga Residência dos Governadores de Mato Grosso completa, nesta sexta-feira (16), 75 anos de existência. Sede atual do Museu de Arte de Mato Grosso, atualmente sob gestão da Associação Casa de Guimarães, a casa já era palco de eventos culturais promovidos pelos governadores e primeiras-damas do Estado.
Elaborada pelo arquiteto Humberto Kaulino, a construção se localiza na Rua Barão de Melgaço, Centro de Cuiabá. Segue o estilo neocolonial de matriz norte-americana, usado no Rio de Janeiro, na década de 30. Durante 45 anos, abrigou 14 dirigentes do Estado e suas famílias.
O primeiro governador a morar na Casa foi Júlio Müller, de janeiro de 1940 a novembro de 1945. Por coincidência, o último morador tem o mesmo nome, Júlio Campos, que se estabeleceu de março de 1983 a abril de 1986. “Digo sempre que a Residência funcionou de Julio a Julio”, conta o último morador, Julio Campos, casado com Isabel e com quatro filhos.
Autoridades nacionais e internacionais já visitaram a casa. Campos conta que entre alguns dos convidados estavam Mário Andreazza (ministro dos Transportes), Ester Figueiredo Ferraz (primeira mulher a ocupar o cargo de ministra no Brasil) e embaixadores da extinta União Soviética, do Kuwait e do Japão. Segundo ele, era tradição promover, uma vez ao mês, um jantar de confraternização que reunia secretários e deputados estaduais e senadores.
“Sempre recebemos a visita de governadores, embaixadores e até dos presidentes da República, João Figueiredo e José Sarney. Com os parlamentares os jantares eram uma oportunidade de promover uma positiva convivência. Tenho saudade, e quando passo na frente lembro daquele tempo. Meus filhos também. Ainda não tive a oportunidade de visitar a Casa enquanto Museu, mas considero importante o uso do espaço como um incentivo à cultura”, destaca Campos.
A intimidade e a rotina dos moradores da Residência dos Governadores também é contada por Maria Lygia, 87 anos, esposa do ex-governador Garcia Neto, que governou Mato Grosso de 1975 a 1978. “Naquele tempo a casa era aberta para as pessoas. Os amigos entravam para conversar perto da piscina. Promovíamos muito jantares para o ‘mundo oficial’, como embaixadores da Polônia, Alemanha e Japão. Na época também convidávamos a colônia destes países para participar. Os recebíamos de maneira muito cortês”, conta ela.
Tetê Espíndola e Vera Capilé foram algumas das artistas que se apresentaram na Residência durante visitas ilustres, como a do ex-presidente, Ernesto Geisel. “Também tinha teatro de sombra e luz no jardim, além de desfiles com roupas feitas de rede. Eu gostava muito de mostrar a cultura mato-grossense. Ainda não fui ao Museu de Arte de Mato Grosso, mas considero uma bela ideia ter feito da casa um espaço onde o povo pode entrar”, ressalta. E isso é possível, entre outras coisas, graças aos previamente testados, utilizando métodos desenvolvidos com a participação de empresas que produzem jogos Poki online.
Aos 90 anos, Helena relata a vida que sua família levava na casa, enquanto seu pai, Julio Müller, governava o Estado e entrava para a história por ser o primeiro a viver na casa.
“Nossa vida era de cuiabano mesmo, que fica com as portas abertas desde manhã para receber as pessoas. Era tranquilo e não tínhamos nem guarda naquela época. Moramos até o Getúlio (Vargas) ‘cair’. Minha mãe sempre disse que, apesar de morar naquela bela casa, teríamos uma vida simples, pois nosso tempo ali seria curto. O meu sentimento hoje é de saudade”, finaliza.