Sem leitos suficientes à disposição, o Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP) mantém uma triste rotina com pacientes em camas e macas no Setor de Observação do Pronto-Socorro. Eles estão à espera de um leito no próprio hospital ou em outros hospitais da rede do Sistema Único de Saúde (SUS).
A reportagem do iG esteve no local na tarde desta terça-feira (13) e constatou que 15 pessoas, 11 delas em camas e outras quatro em macas, eram atendidas na sala de observação. O posto pode receber, em caso de superlotação, até 30 pacientes simultaneamente. "Você chegou em um horário mais calmo", admitiu Lucia Mendes, que é coordenadora do Pronto-Socorro do Hospital Universitário.
O grupo de pacientes é composto em sua ampla maioria de idosos com doenças crônicas. A liberação do leito é feita por um sistema on line da Secretaria Municipal de Saúde.
Um caso em especial chama a atenção. O estudante Douglas Oliveira foi socorrido em função de um acidente provocado por uma moto em fuga na Marginal Pinheiros no último dia 6 de janeiro. Ao ser examinado na unidade, foi constatada uma fratura na perna direita. Ele ficou dias na sala de observação da emergência à espera de cirurgia – que está marcada para esta quinta-feira (15).
Triagem
A unidade hospitalar atende prioritariamente pacientes trazidos pelo Serviço Ambulatorial Médico de Urgência (Samu), pelo Corpo de Bombeiros e pelas polícias civil e militar. Os pacientes são predominantemente usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Um cartaz à porta da unidade adverte os pacientes que o sistema de triagem do hospital mudou e os mesmos podem ser encaminhados para outros locais.
O Hospital Universitário é a única unidade de referência na região do Butantã, na zona oeste da capital paulista, e recebe demanda de outros municípios como Osasco, Barueri e Cotia, na Grande São Paulo, por exemplo.
É frequente a chegada e partida de veículos particulares trazendo e levando embora os pacientes. O serviço de triagem do PS ficou mais rigoroso desde a greve que paralisou o hospital por 120 dias no ano passado.
"Hoje o HU é uma porta aberta e nós estamos tentando mudar isso", afirma a Coordenadora do PS, Lúcia Mendes. A triagem ainda não vale para pacientes pediátricos mas, no caso dos pacientes adultos, uma escala em cinco níveis determina quem pode permanecer na unidade.
Como forma de economizar gastos, a Reitoria da Universidade de São Paulo definiu lo corte de horas extras pelo corpo médico, o que vira uma dor de cabeça para as escalas de plantão na emergência e em outros setores do hospital.
"O problema é que trabalhamos num prédio envelhecido. Não temos nenhum problema com falta de medicamentos ou problemas com equipamentos", disse a coordenadora.
Está em estudo o repasse da unidade para a gestão da Secretaria Estadual da Saúde, ao mesmo tempo em que um plano de demissão voluntária foi instituído. "Temos 1,7 mil funcionários e 170 deverão sair. Essas vagas vão fechar e nós vamos ter de readequar o atendimento", admite a fonte.
Fonte: G1