Cidades

Hospital Geral e Santa Casa devem mais de R$ 80 milhões

A dívida dos dois hospitais filantrópicos mais tradicionais de Mato Grosso, o Hospital Geral Universitário (HGU) e a Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, ultrapassou a barreira dos R$ 80 milhões. 

Atrasos nos repasses e defasagem da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) são apontados como os principais motivos para as dificuldades financeiras das unidades.

Os outros 13 hospitais de caráter filantrópico do Estado também sofrem para se manter pelos mesmos motivos.

De acordo com a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), em todo o país a dívida dos hospitais filantrópicos e das Santas Casas já chegou a R$ 17 bilhões. Conforme a CMB, 80% das 2,1 mil entidades confederadas operam no vermelho.

Em Cuiabá, existem quatro hospitais considerados filantrópicos: Hospital de Câncer de Mato Grosso, HGU, Hospital e Maternidade Santa Helena e Santa Casa. Eles são responsáveis por 80% de todo atendimento do SUS de Cuiabá.

Contudo, o grupo está há dois meses sem receber os repasses referentes às Unidades de Tratamento Intensivo (UTI). No final do ano passado, as unidades chegaram a suspender os atendimentos eletivos e paralisaram 70% dos atendimentos de urgência e emergência, inclusive nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), devido à falta de condições financeiras e operacionais decorrentes do não repasse dos recursos referentes ao teto de média e alta complexidade.

Com 197 anos, a Santa Casa é um dos hospitais mais tradicionais do Estado. A unidade realiza mais de 7,5 mil cirurgias por ano. É o único hospital do Estado que possui UTI para crianças, bebês e adultos.

Graças a este histórico, Antônio Preza, diretor da Santa Casa, tenta manter o otimismo e esperar que 2015 seja mais proveitoso que o último ano, no qual, por conta das dívidas, a unidade precisou recorrer a diversas campanhas de doação e apelar para a sociedade. “Em 2014, nós somente conseguimos empatar as despesas com a receita no mês de setembro”.

Ainda assim, o hospital iniciou o ano com um déficit de R$ 35 milhões. “Desta quantia, R$ 17 milhões são de dívidas tributárias, R$ 8 milhões são de dívidas bancárias, R$ 5 milhões com a Cemat e R$ 5 milhões com os fornecedores.”

Conforme Preza, para ser considerado um hospital filantrópico, a unidade precisa garantir, ao menos, 60% dos leitos para o SUS ou 90% particular e 10% gratuito. Contudo, na Santa Casa, aproximadamente 90% dos 219 leitos são destinados ao Sistema, o que faz com que a unidade dependa muito da tabela de repasses do Ministério da Saúde.

Por isso, a Santa Casa tem tentado expandir o número de leitos particulares e de convênio. “Na atual conjuntura da saúde de Mato Grosso é impossível diminuir os leitos do SUS, por isso estamos trabalhando para aumentar o número de leitos particulares e tentar equilibrar a receita”.

Com 72 anos de história, o HGU é o segundo hospital mais antigo do Estado e a situação é muito semelhante à Santa Casa, uma vez que 97% dos leitos da unidade atendem o SUS. Conforme Fábio Liberalli, diretor da unidade, o hospital tem uma dívida de R$ 45 milhões. “Todo o mês fecha com um prejuízo de 10% a 12%”.

Liberalli lembrou que a unidade ainda cede espaço para cursos da área da saúde. “O objetivo não é o lucro, mas tem que dar resultado e para isso precisa investir em equipamentos e na estrutura. O problema é que não dá para comparar com um Pronto Socorro, onde os trabalhadores são concursados e recebem o direto da secretaria Municipal de Saúde, o recurso que vem do SUS é dividido entre os funcionários, materiais, gastos operacionais e na infraestrutura.”

Marcelo Sandrin, diretor do hospital Santa Helena, referência em maternidade no Estado, endossa o coro em relação à perspectiva da Saúde em Mato Grosso. Segundo ele, há 33 anos ouve promessas dos gestores, mas a situação continua a mesma.

MIDIA NEWS

Redação

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