O Sindicato dos Armadores e Indústria da Pesca (Sindipi) anunciou às 15h30 desta terça-feira (6) o fim do bloqueio do Rio Itajaí-Açu. De 250 embarcações que participaram do protesto, apenas 20 permaneciam no local às 16h. Um navio de cruzeiro, com 2,4 mil pessoas – sendo 1.877 turistas – continuava atracado no Píer Turístico de Itajaí, à espera de liberação, para o destino final: Montevideo, no Uruguai. Segundo a praticagem do Complexo Portuário, o horário previsto de saída do navio Empress é 18h15. Às 18h45, dois navios cargueiros irão atracar.
A decisão foi tomada após o recebimento de uma carta do governo federal que se compromete a incluir o setor pesqueiro regional no debate da portaria número 445 de 17 de dezembro de 2014, que restringe a captura de diversas espécies ameaçadas de extinção. Uma reunião interministerial entre Meio Ambiente e Pesca e representantes regionais do setor foi marcada para a próxima quinta-feira (8) em Brasília.
A paralisação durou mais de 30 horas. Os manifestantes começaram o bloqueio marítimo com cerca de 30 barcos às 9h de segunda-feira (5) e chegaram a reunir mais de 250 embarcações na tarde desta terça, de acordo com o Sindipi. Eles pediam a revogação da portaria que, segundo a categoria, prejudicaria a atividade do setor que emprega cerca de 60 mil pessoas em Santa Catarina, das quais 40 mil são da região de Itajaí.
Por causa do protesto, um transatlântico da Pullmantur, que chegou na cidade na man hã de segunda, ficou sem conseguir sair até a tarde desta terça. Com 2,4 mil pessoas, sendo 1.877 turistas, o navio Empress tem como destino Montevideo, no Uruguai, e permanecerá mais de 24h atracado no Píer Turístico da cidade.
Os manifestantes também bloquearam o transporte de carros e pessoas entre Itajaí e Navegantes, pelo rio Itajaí-Açu. Nesta terça, o ferry boat teve a passagem bloqueada duas vezes – pela manhã e tarde – e teve a travessia autorizada às 15h30, depois de uma hora de bloqueio total.
O documento que motivou o fim da paralisação foi assinado pelo Ministro da Pesca e Aquicultura, Helder Barbalho. O ofício foi uma resposta a um documento encaminhado pelo Sindipi e Sintrapesca que deu condicionantes para a liberação do canal do porto de Itajaí. Barbalho afirma que o Ministério da Pesca e o Ministério do Meio Ambiente receberão cinco representantes do setor para discutir os itens da portaria, que proíbe a pesca de espécies de peixe por categorizá-los como em extinção.
Entenda o caso
Desde a manhã de segunda (5), cerca de 220 barcos estavam no rio em protesto, onde seguiam até a tarde desta terça. Os pescadores querem a revogação da portaria número 445 de 17 de dezembro de 2014, do governo federal, relacionada à proibição da pesca de espécies em extinção. Entre eles, estão peixes como garoupa, namorado, cações, emplasto e arraias.
Na noite do mesmo dia, a Justiça concedeu liminar exigindo a retirada das embarcações. Pouco antes, os ministérios da Aquicultura e Pesca e do Meio Ambiente instituíram um grupo de trabalho, para reavaliar a portaria. Mesmo com as duas manifestações, os pescadores decidiram continuar o protesto.
Os sindicatos que lideravam a manifestação decidiram acatar a decisão, mas ela foi negada pelos pescadores que permaneceram fazendo o bloqueio. Segundo a Capitania dos Portos, todas as autoridades marítimas da região se reuniram para definir uma estratégia de retirada dos barcos. Segundo a comunicação do grupo, o movimento cresceu e alguns pescadores estão agindo de forma independente. Conforme representantes do setor, há cerca de 60 mil pessoas que dependem da pesca em todo o estado, sendo 40 mil, apenas na região de Itajaí.
Bloqueio do ferry boat
Os manifestantes bloquearam duas vezes o ferry boat, que faz a travessia entre Itajaí e Navagentes. Durante a manhã desta terça, barcos envolvidos no protesto impediram a travessia por cerca de 30 minutos. A Capitania dos Portos pediu auxílio à Polícia Militar (PM) para tentar garantir a passagem do transporte do coletivo. A Marinha, de acordo com a RBS TV, auxiliou na dispersão dos barcos para o funcionamento.
Segundo a Capitania dos Portos, a primeira interdição total ocorreu das 9h às 9h30 desta terça. Ao todo, quatro embarcações são utilizadas no ferry boat da região. Após negociação com os manifestantes, a Marinha conseguiu a liberação para que duas embarcações continuassem operando durante o dia. Pescadores mantiveram a obstrução do tráfego das outras duas.
Às 14h30, os manifestantes voltaram atrás e realizaram novamente a interdição total dos ferry boats. A Polícia Militar fez o patrulhamento ostensivo em terra, nas duas margens do rio, e a Marinha atuou com dois barcos no mar para negociar com os manifestantes, que iniciaram a liberação, por volta das 15h30.
Cruzeiro mantido em terra
Mais de 1,8 mil turistas e cerca de 600 tripulantes estão sem poder sair do navio transatlântico Empress, operado pela Pullmantur, devido ao protesto de pescadores no Complexo Portuário de Itajaí. A saída dos passageiros não é permitida pela alfândega, pois eles já fizeram o embarque. O cruzeiro deveria deixar Santa Catarina às 16h30 de segunda-feira (5) em direção ao Uruguai, mas permanecia no rio Itajaí-Açu até as 16h da tarde desta terça (6). Ele foi impedido de navegar porque diversos barcos de pesca foram posicionados para formar uma barreira, bloqueando o fluxo dos navios, durante o protesto.
Segundo o Complexo Portuário de Itajaí, a saída do transatlântico está confirmada para as 18h15 desta terça-feira. A previsão é que nenhum outro barco atraque no porto neste dia. Das seis embarcações que deveriam ter passado pelo porto nesta terça, três delas já foram reagendadas para a manhã de quarta-feira (7).
O navio, com 211 metros de comprimento e 31 de largura, saiu de Santos no dia 29 de dezembro. O próximo destino do cruzeiro seria Montevidéu, no Uruguai. Confome a superintendência do Porto de Itajaí, a maioria dos passageiros é de Santa Catarina e São Paulo. A Pullmantur, empresa que opera a embarcação, afirma que ficou toda a madrugada no píer tentando resolver o problema.
Em nota, a Pullmantur afirmou que "a empresa está prestando todo o atendimento necessário aos passageiros, prezando primeiramente pela segurança de todos que estão a bordo, e reavaliará o itinerário inicialmente proposto assim que tiver um posicionamento oficial quanto ao horário de liberação do navio". A operadora também afirma que "como o navio estava pronto para seguir viagem pela Bacia do Prata está bem abastecido".
De acordo com a Capitania dos Portos, uma empresa especializada foi chamada nesta terça-feira para captar esgoto da embarcação, que deve ser jogado no mar, já que não pode ser despejado no rio.
Fonte: G1