O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), disse nesta terça-feira (30), em entrevista ao SPTV, que o temporal ocorrido na madrugada de segunda (29) foi comparável a um furacão. "O que aconteceu em São Paulo há dois dias foi algo muito próximo de um furação", disse Haddad. "Nós nunca tivemos uma situação próxima a um furacão", afirmou.
Ele lembrou que as rajadas atingiram quase 100 km/h na cidade e citou que os ventos "chegaram a 120 km/h" no caso do furacão Katrina, que devastou Nova Orleans, nos EUA. Entretanto, apesar da citação de Haddad, de acordo com registros da época, o Katrina chegou à Luisiana com força máxima, na categoria 5, com ventos de até 250 km/h.
Sobre os reparos na capital paulista, Haddad reforçou que trabalha em conjunto com a Eletropaulo e que tem ações preventivas, como as mais de 100 mil podas e até 15 mil remoções de árvores por ano.
O prefeito rebateu a tese de negligência em caso de chamados para remoção não realizados, como apontaram moradores da Vila Mariana. "Você não faz uma poda porque alguém acha que a árvore está doente", disse o prefeito, explicando que cada remoção depende do laudo de um agrônomo.
Haddad diz que o trabalho de retirada de galhos e troncos segue em andamento. "Foram mais de 300 árvores que caíram. Removemos quase a totalidade", afirmou.
O prefeito disse que a remoção é um "trabalho delicado" e que metade das árvores derrubadas foi removida nas primeiras 24 horas. Ele lembrou que, em alguns casos, os funcionários não podem usar a motosserra sem a presença de equipe da Eletropaulo por causa de riscos com a fiação elétrica.
Haddad negou haver "jogo de empurra" entre a administração municipal e a empresa de energia. "A maioria dos bairros está sem luz não por queda de árvores. Isso também é errado dizer. Está sem luz porque houve 2 mil raios e uma boa parte dos raios cai sobre transformadores e alimentadores de energia. Então, é natural, depois de um evento desta proporção, as equipes interagirem", disse o prefeito.
De acordo com Haddad, a administração municipal faz 15 mil remoções de árvores e 100 mil podas por ano. As árvores da cidade foram repertoriadas e devem começar a receber acompanhamento fitossanitário. “Com ventos próximos à velocidade de um furacão as raízes não aguentam, os troncos não aguentam. Nós podemos melhorar o serviço de zeladoria da cidade, mas para esses grandes eventos não é com acompanhamento fitossanitário que você vai minorar o problema”, afirmou.
Estragos do temporal
O temporal que atingiu a cidade de São Paulo na madrugada de segunda-feira (29) derrubou um total de 360 árvores, segundo balanço atualizado divulgado nesta terça (30) pela Secretaria de Coordenação das Subprefeituras. O número, de acordo com a pasta, representa um recorde para a capital e é ainda maior que o divulgado na tarde de segunda, quando eram contabilizadas cerca de 280 quedas.
Além de derrubar árvores, a chuva forte e as rajadas de vento de até 96 km/h causaram apagões em semáforos e ao menos sete pontos de alagamento na capital. Avenidas importantes, como a 23 de Maio, tiveram o trânsito prejudicado e bairros nas Zonas Sul e Oeste, como Brooklin e Butantã, ainda permaneciam sem luz no começo da manhã desta terça, mais de 24 horas depois do temporal.
Eletropaulo não informou quais áreas ainda estão sem energia.
No Parque Ibirapuera, a queda de 25 árvores atrasou a abertura na manhã de segunda. O local só foi parcialmente aberta ao público durante a tarde e a liberação total dos acessos ocorreu apenas às 8h desta terça.
Fonte: G1