Um estudo publicado no periódico Nature Medicine mostrou que a serotonina pode estar envolvida na redução da chamada "gordura marrom", responsável para o bom funcionamento do metabolismo.
Há dois tipos de serotonina, a central – presente no cérebro e que ajuda na sensação de saciedade e no humor –, e a periférica, circulante no sangue. É exatamente essa segunda serotonina que pode estar envolvida na queda do metabolismo, contribuindo para a obesidade.
No estudo, os pesquisadores identificaram que a serotonina periférica é mais elevada em pessoas obesas – apesar de ainda não haver explicação da razão pela qual isso acontece – e que a inibição do hormônio poderia acelerar o metabolismo e diminuir riscos de obesidade.
"Nossos resultados estão quase completos e indicando que a inibição da produção desse hormônio pode ser muito efetiva para reverter a obesidade que tem relação à problemas metabólicos, incluindo o diabetes", diz Gregory Steinberg, coautor do estudo e codiretor da MACObesity, programa de pesquisa sobre metabolismo e obesidade na infância, ligada à Universidade McMaster. "Muita serotonina age como um freio de mão para a gordura marrom", ele explica.
Gordura marrom
Apesar de o nome "gordura" já assustar, a gordura marron é muito importante para a manutenção do peso. O endocrinologista do Hospital 9 de Julho, Bruno Halpern, explica que essa gordura mais escura tem a característica de transformar energia em calor. "O recém-nascido, por exemplo, tem mais gordura marrom, porque precisa manter a temperatura corpórea. É muito comum em animais que hibernam também".
O endocrinologista explica que a descoberta de que o homem adulto ainda guarda um um pouco de gordura marrom se deu há pouco mais de cinco anos, por meio de exames de imagens. "Sabemos também que os obesos têm menos gordura marrom que os magros. Mas não sabemos se isso é causa ou consequência", pondera o médico. "Não dá para saber se essa pessoa engordou porque tinha menos gordura marrom", diz.
Já a causa do aumento de serotonina circulante no sangue pode ter sido descoberta. Os pesquisadores suspeitam de que a dieta ocidental, com altas taxas de gordura, pode estar causando esse aumento.
"Não é bom ter muita serotonina [circulante]. Precisamos de um equilíbrio. Se há muita, isso pode levar ao diabetes, fígado gorduroso e obesidade", diz Waliul Khan, co-autor do estudo e professor de patologia e medicina molecular.
De olho no futuro
Já a endocrinologista Tarissa Petry, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz afirma que são necessários mais estudos antes de se animar com a descoberta. "Hoje, as terapias para obesidade são poucas e distantes. Mas, se pudermos aumentar a termogênese, como é o que propõe o estudo, é melhor do que reduzir o apetite", diz.
Fonte: iG