O ex-secretário de Estado Eder Moraes voltou a afirmar que não têm validade jurídica as informações repassadas por ele ao Ministério Público Estadual (MPE) durante um depoimento prestado em fevereiro deste ano. Colocou em xeque ainda a idoneidade do orgão para dar continuidade a uma investigação que pode atingi-lo. “Que moral esse Ministério Público tem se fui eu quem pagou todas as cartas de crédito dele? Todos ali são suspeitos”.
A referência do ex-secretário é ao pagamento de, segundo o MPE, diretos trabalhistas aos quais 47 promotores de Justiça teriam direito e foram negociados com o governo do Estado. O tema veio à tona e chegou a colocar o MPE sob suspeição por um período, porque a lista com os nomes dos beneficiados foi apreendida na casa de Eder durante uma das fases da operação Ararath. Tempos mais tarde, a versão do MPE foi confirmada pelo procurador-geral de Justiça, Rodrigo Janot.
Já a investigação questionada pelo exsecretário é a que o Núcleo de Patrimônio Público e Probidade Administrativa do MPE estaria dando continuidade com a colaboração do empresário Gércio Marcelino Mendonça Junior, o Junior Mendonça. Delator do esquema de lavagem de dinheiro alvo da operação Ararath, ele esteve na sede da Promotoria nesta semana.
Na ocasião, Junior Mendonça teria reafirmado informações que já constam em uma ação penal movida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra Eder e o empresário Rodolfo Aurélio Borges de Campos, acusados de participação em um esquema de desvio de recursos públicos através do pagamento de precatórios da construtura Encomind. A intenção do MPE seria a propositura de eventuais ações civis públicas sobre o mesmo tema.
Mendonça também estaria auxiliando com a apuração da denúncia de compra de vaga no Tribunal de Contas
do Estado. Eder, no entanto, sustenta que os dados repassados por ele ao MPE e que serviram de base na ação do MPF não têm validade porque ele próprio pediu uma retratação do depoimento prestado.
O exsecretário alegou ter mentido porque estaria sob forte abalo emocional. Disse ainda ter sido induzido por promotores de Justiça à época. Um deles seria Mauro Zaque. “E não tem uma investigação na Corregedoria [Geral de Justiça] contra ele”, reclama.
Até o fechamento desta edição, a reportagem de A Gazeta não havia conseguido contato com o promotor de Justiça.
Fonte: Gazeta Digital