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Pais das três que morreram eletrocutadas falam sobre a tragédia

Uma mistura de dor e lembranças. É como os pais das três crianças que morreram eletrocutadas no município de Petrolândia, no Vale do Itajaí, descrevem os últimos dias. Desde que aconteceu o acidente, no dia 6 de novembro, eles ainda não voltaram para casa e têm ficado em residências de parentes. Neste domingo (16), falaram com a reportagem do Estúdio SC.

"Eu não consegui ir na minha casa. Eu estou na minha mãe ou na casa da minha cunhada. Não sei como vai ser ainda. A gente não quer entender, mas, talvez, um não ia aguentar sem o outro, porque eles eram muito unidos, muito grudados", contou Carla Medeiros, mãe de Igor, de 4 anos, Vinícius, 6, e Schaiani, 14.

Os três irmãos morreram eletrocutados ao encostarem em um fio desencapado no sítio da família. Enquanto brincava, o caçula Igor levou um choque. Vinícius, o do meio, também foi atingido. Ao ver a cena, Schaiani se aproximou para ajudar e também morreu. O fato causou comoção em todo estado.

Amor de mãe
De acordo com o pai Marcelo, a garota cuidava dos irmãos como se fossem filhos dela. "Ela era muito dedicada". Segundo a mãe, se algo acontecesse com os irmãos, ela se jogaria na frente primeiro. "E foi isso que aconteceu, né? Ela tentou salvar eles".Nas redes sociais, Schaiani declarava seu amor pelos irmãos mais novos. Em uma foto, ao lado do caçula, ela deixou um recado. "É impressão minha ou metade do meu peito mora em você? Se o mal chegar, entro na frente para te proteger".

Na bíblia que Schaiani carregava para todos os lados, os pais encontraram trechos destacados com caneta. "Eu penso que ela estava deixando preparado para a gente. Talvez para consolar a gente agora, porque ela foi deixando tudo separado, tudo arrumado", comentou a mãe.

Luto na escola
Aos poucos, os corredores do Colégio Estadual Hermes Fontes, onde a menina estudava, voltam a ter movimento. No entanto, a sensação ainda é de vazio. "Vai demorar um tempo para que a gente consiga.Esquecer jamais: aprender a viver sem", disse a diretora Luzia Lopes. A ausência da aluna exemplar tem sido muito sentida na escola. "A gente chega na aula e fica olhando para o lugar dela e pensando que a gente nunca mais vai ver ela ali", afirmou uma das colegas.

Obra inacabada
Na aula de artes, horas antes da tragédia, Schaiani pintava um quadro. Ela estava preocupada e parecia ter pressa porque faltavam alguns detalhes para terminar a obra. "Tinha o barco, tinha a vela, tinha uma parte do trapiche e tinha um ponto branco só no céu. Eu não consegui perceber e nem entender o porquê que tinha aquele buraquinho branco no céu", expôs Tânia Welter.Como Schaiani era muito perfeccionista, os colegas não queriam que a obra ficasse inacabada. Por isso, eles convenceram a professora de artes da escola a dar as últimas pinceladas. Só os detalhes que faltavam para terminar o desenho. O quadro que a garota nunca pode concluir, agora virou um presente que vai ser entregue à família.

Outra surpresa chegou no dia da gravação da reportagem: um vestido que Schaiani viu em uma loja e queria comprar para a mãe. Como não deu tempo, a irmã de Carla cumpriu o desejo. "Eu queria comprar para ela e ela disse 'não, mãe, você vai ficar mais bonita dentro dele do que eu'", contou Carla, que retribuiu o presente tatuando o nome dos filhos com a inscrição "amor eterno". "Deus manda pessoas e manda anjos. Os meus eram anjos que ele buscou de volta para cumprir a missão deles em outro lugar".

G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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