Uma moradora de Londres cujo filho tinha se juntado ao grupo autodenominado "Estado Islâmico" conseguiu convencê-lo a deixar o grupo radical.A mulher, de 45 anos, que não quis revelar o nome, viajou para a Turquia, mais especificamente para as proximidades da fronteira com a Síria, como parte do esforço para "resgatar" o jovem de 21 anos.Segundo a mãe, o filho se converteu ao islamismo em 2011, depois de frequentar palestras na mesquita de seu bairro, no norte da capital britânica, e de pesquisar sobre a religião na internet. No início deste ano, o jovem fugiu de casa e viajou secretamente para a Síria, juntando-se a um grupo ligado ao "Estado Islâmico".
De lá, telefonou para a mãe."Meu filho nunca me disse que iria para a Síria. Ele sabia que eu o teria impedido", afirmou a mãe.Atitude diplomáticaNo entanto, não foi fácil tentar convencer o filho a voltar atrás."Eu constantemente tentei encontrar formas de fazer meu filho voltar para casa"."Mas logo percebi que apenas dizer 'preciso que você volte' ou ficar zangada era inútil".Apesar do choque e do medo, a mãe tentou manter contato constante com o filho pelo telefone e convencê-lo a voltar."Quando meu filho telefonava era um alívio, mas depois de alguns dias sem ouvir falar dele a ansiedade voltava com força total", explicou a mãe.Ela conseguiu fazer algum progresso quando adotou uma tática diferente.Não se fiz isso de forma consciente, mas disse para ele que não estava conseguindo mais viver sozinha no nosso apartamento e que iria procurar trabalho no exterior", contou a mãe."Acho que isso minou um pouco a rebeldia dele. Meu filho começou a pensar duas vezes e acho que isso o convenceu a voltar para casa".
Serviço secreto
O jovem estava havia quatro meses na Síria quando decidiu tentar voltar para casa. No entanto, ele machucou as costas durante um tiroteio entre facções rivais."Ele ficou traumatizado e em um estado mental muito frágil", contou a mãe."Naquele momento ficou claro que eu teria de ir para a Turquia porque aquilo daria esperança para ele. Meu filho sabia que sua mãe estaria esperando por ele".A mulher então viajou para Adana, perto da fronteira com a Síria. Lá encontrou um hotel que imaginou estar ao alcance do filho, e enviou o endereço para o jovem via SMS – mas perdeu contato com ele.Leia mais: Pelo menos 3 mil jihadistas europeus lutam na Síria e no Iraque
Depois de duas semanas, o filho apareceu no hotel.
"Foi um alívio", disse a mãe.No retorno à Grã-Bretanha, o filho foi interrogado pela polícia e pelo MI5, o serviço secreto que zela pela segurança britânica, o que acabou tornou difícil para que ele se ajustasse à vida em Londres."Meu filho se viu sob muita pressão e fragilizado. Ele está um pouco desconfiado, quase paranóico".Mesmo assim, a mãe não se arrepende do que fez."Eu trouxe meu filho de volta para casa".Segundo estimativas do governo britânico, cerca de 500 cidadãos do país viajaram para a Síria para lutar nas forças do "Estado Islâmico".
G1