Opinião

Orionídeas no Céu

Orionídeas é o nome da chuva de meteoros (ou “estrelas cadentes”) que ocorre em outubro e cuja origem são destroços do cometa Halley (1P/Halley)  que foram deixados no espaço quando esse cometa se aproximou do Sol.  Cada vez que a órbita do nosso planeta  ao redor do Sol coincide com a de um cometa – o Halley, ou qualquer outro – que tenha deixado detritos  em sua trajetória (os meteoroides), acontece uma chuva de meteoros.  Quando um meteoroide adentra na atmosfera da Terra provoca um rastro de luz conhecido como meteoro. Se o meteoroide original conseguir alcançar o solo torna-se um meteorito. Embora também seja possível uma chuva de meteoros regular ser originária de destroços de um asteroide, apenas uma dela está relacionada a detritos de um asteroide.

As chuvas de  meteoros parecem originar-se de um ponto no céu denominado radiante. Por convenção, as que são regulares recebem o nome da constelação em que o radiante está. Essa  chuva de meteoros de outubro denomina-se Orionídeas porque o radiante encontra-se na constelação de Orion (“O Caçador”). No céu do Brasil as “Três Marias” são bastante conhecidas. As “Três Marias” fazem parte do cinturão do “caçador” Orion, como essa constelação era conhecida na mitologia antiga.  Encontre as “Três Marias” no céu e você terá encontrado Orion. Abaixo de uma das “Marias” há uma estrela laranja-avermelhada muito brilhante (sim, as estrelas têm diferentes cores!) denominada Betelgeuse. O radiante das Orionídeas encontra-se abaixo e à esquerda de Betelgeuse quando Orion estiver próximo ao zênite.  O que é o zênite? O ponto na esfera celeste acima da cabeça do observador. Basta olhar para cima para localizá-lo.

A Orionídeas acontece todo ano entre 2 de outubro e 7 de novembro e é possível observá-la em todo o Brasil. Entretanto, a sua visualização costuma ser difícil em nosso país. Os meteoros, em geral, não são muito brilhantes, e, se a fase da Lua for cheia, por exemplo, a luminosidade lunar atrapalha a visão dos mesmos. Ademais, nesta época do ano o céu costuma estar carregado de nuvens densas, precursoras de chuva, que também atrapalham a visualização do fenômeno. 

A Orionídeas já está no céu, porém, o  pico da chuva de meteoros ocorrerá entre os dias 21-22 de outubro, durante a madrugada, quando Orion estiver no zênite. Nesses dias será possível visualizar entre 15 – 25 meteoros por hora, em condições ótimas do céu. A constelação de Orion estará se levantando do lado leste às 23 horas, com variações de mais ou menos meia hora em diferentes cidades do Brasil, já levando em consideração o horário de verão. A melhor visualização ocorrerá em lugares escuros após as duas horas da manhã.

O que há de especial com o pico das Orionídeas neste ano?   A Lua estará na fase minguante a dois dias do começo da fase nova. Então, haverá menos luminosidade da Lua no céu. Além disso, este mês de outubro está atípico em termos de chuva. Isso poderá facilitar a observação do fenômeno. Não custa tentar.

 

Telma Cenira Couto da Silva – Doutora em Astronomia

Telma C. Couto da Silva

About Author

Bacharel em Física pela Universidade de Brasília (1979), mestra em Astronomia pelo Observatório Nacional (1985), e doutora em Astronomia pela Universidade de São Paulo (1998). Professora associada aposentada do Instituto de Física da Universidade Federal de Mato Grosso. Tem experiência na área de Astronomia, com ênfase em Astrofísica Extragalactica, atuando principalmente nos seguintes temas: galáxias, e galáxias binárias. Atua também na área de Ensino e Divulgação de Astronomia.

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