O Dalai Lama indicou nesta quinta-feira (2) que está mantendo negociações informais com a China para realizar uma peregrinação histórica ao Tibete, depois de mais de meio século no exílio.O líder espiritual tibetano disse ter deixado claro seu desejo de realizar a peregrinação a um monte sagrado de seu país natal a contatos na China, incluindo ex-membros do Partido Comunista."Ainda não está fechado, ainda não, mas a ideia está ali", declarou o líder de 79 anos em uma entrevista à AFP, em Dharamshala, a cidade do norte da Índia onde reside.
"Não foi formal ou sério, mas informal… Expressei este desejo, e alguns dos meus amigos também mostraram seu sincero interesse ou preocupação", acrescentou."Nos últimos tempos, alguns funcionários chineses, por exemplo, o vice-secretário do partido comunista na região autônoma do Tibete, também mencionaram a possibilidade de minha visita com uma peregrinação a este local sagrado".O Dalai Lama expressa há tempos seu desejo de visitar o monte Wutai Shan, que os tibetanos consideram sagrado.
Seus comentários desta quinta-feira chegam em meio a especulações sobre uma diminuição das tensões com a China, que no passado acusou o líder espiritual de ser um separatista e de buscar a secessão.O monge exilado, que se retirou da política em 2011, declarou que luta para conseguir uma maior autonomia para as províncias tibetanas.No mês passado, foi divulgada a publicação de um blog anônimo em um site chinês que descrevia o retorno do Dalai Lama em termos positivos, antes de ser apagada.
Alguns especialistas viram uma indicação de que a China poderia estar suavizando o tom – uma opinião compartilhada pelo Dalai Lama.Nesta quinta-feira, ele avaliou positivamente os comentários do presidente chinês Xi Jinping sobre a importância do budismo na sociedade chinesa e disse ser otimista sobre o atual líder em Pequim."Isso é algo muito novo, um Partido Comunista dizendo algo sobre espiritualidade", declarou o líder exilado, que, há pouco, descreveu Xi como 'com a mente mais aberta' que seus antecessores.
O Dalai Lama, que desfrutou de uma estreita relação com o pai de Xi, antes de fugir do Tibete em 1959, após uma revolta frustrada, também elogiou o líder chinês por sua mão de ferro diante da corrupção dos funcionários."Estas coisas mostram que ele (Xi) está tratando estes problemas de uma forma mais realista", disse o Dalai Lama.Mas criticou o tratamento dado pela China aos seus dissidentes, incluindo o escritor uigor Ilham Tohti, que foi condenado à morte na prisão por separatismo."Dissidentes foram detidos – alguns intelectuais – como o caso recente do escritor uigur", disse."Eles não estão contra o governo, nem contra o povo. Então acredito que, em última análise, não são necessariamente daninhos".
G1