Uma câmera fotográfica capta a luz refletida pelos objetos fotografados. A obtenção da imagem de um objeto depende, portanto, de uma luz que chegue até ele. O que uma cientista brasileira descobriu, em um experimento conduzido na Academia Austríaca de Ciências, foi que é possível obter a imagem de um objeto a partir de fótons (partículas elementares da luz) que não tiveram qualquer interação com o objeto. A pesquisa foi publicada no fim de agosto na revista "Nature".
Para chegar a esse feito, Gabriela Barreto Lemos, que faz pós-doutorado na Áustria, e sua equipe usaram pares "gêmeos" de fótons. Cada "irmão" tem um comprimento de onda diferente, ou seja, eles têm cores diferentes, mas estão "entrelaçados", o que significa que mantêm as mesmas propriedades.
No experimento, os cientistas iluminaram um objeto com um dos fótons, com comprimento de onda que seria indetectável por uma câmera. Enquanto isso, o outro fóton que, não interagiu com o objeto, foi detectado pela câmera, formando a imagem com a qual seu irmão gêmeo havia interagido.
"Iluminamos o objeto com um dos fótons e em vez de coletar a imagem do fóton que interagiu com o objeto, detectamos a luz do outro fóton, o irmão daquele que interagiu com objeto", disse Gabriela, em entrevista à revista "Nature". "Por serem gêmeos, mesmo que estejam separados, eles continuam compartilhando informação e essa informação pode ser acessada pelos dois juntos ou por cada um deles separadamente."
É como se os dois fótons tivessem uma comunicação "telepática" entre si, em que eles pudessem saber o que o outro está iluminando mesmo estando separados fisicamente.
G1