Circuito Cinema

Longa metragem faz retrato da adaptação social e da loucura

Recebido entre aplausos efusivos e outros ainda entorpecidos pelos 90 minutos de uma trama envolvendo vício em drogas, adaptação social e loucura, "Prometo um dia deixar essa cidade" fechou, na noite desta sexta-feira, no Cinépolis Lagoon, o segundo dia da mostra competitiva de ficção da Première Brasil.

Segundo longa-metragem do pernambucano Daniel Aragão, que antes da sessão pediu ao público que abrisse "os ouvidos para uma experiência sensorial", o filme acompanha os esforços de Joli (Bianca Joy Porte) para se reinserir à realidade e à família após deixar uma clínica de reabilitação. Em casa, encontra o pai Antônio (Zécarlos Machado), político assessorado pelo namorado dela, Hugo (Sergio Marone), em plena campanha para se tornar prefeito de Recife.
– Quando terminei o meu primeiro filme (o longa-metragem "Boa sorte, meu amor", de 2012), pensei: será que vou conseguir fazer outro? Não tinha ideia das políticas de captação de recursos, mas o filme aconteceu. As pessoas eu encontrei por acaso, mas parecia que já estavam presentes na minha vida. Foi uma honra trabalhar com a Mariana(Jacob, produtora).

– Esse momento é inacreditável, porque um ano atrás a gente nem tinha começado as gravações desse filme que não foi feito nem com o coração, mas com a alma – afirmou Mariana.

Encarregada pelo pai de comandar uma associação que luta contra o crack, Joli parece passar a desacreditar na política – numa cena, ela divaga sobre a necessidade de a cidade se adaptar ao indivíduo, e não o contrário – e em melhores perspectivas, entrando num espiral de estados que vão da catatonia à completa insensatez, passando pela revolta e por um alvoroço sexual. A julgar pelos elogios dos espectadores que encheram sessão, Bianca Joy Porte, que em "Prometo um dia deixar essa cidade" faz a sua estreia como protagonista de um longa, dominou com maestria o leque de emoções.

– Só posso dizer que estou muito feliz. Fazer essa personagem não foi fácil. A gente faz arte para emocionar, e eu estou muito emocionada – disse a atriz, com a voz embargada.

Antes, a alta carga dramática da noite já tinha começado a ser introjetada com a exibição do curta-metragem "Barqueiro", de José Menezes e Lucas Justiniano, sobre um motorista de um serviço funerário que há 20 anos vive um pesadelo: a tarefa de remover corpos de crianças. O filme foi originalmente pensado como um documentário sobre esse tipo de profissional, mas os diretores não conseguiram as autorizações necessárias para finalizar as gravações.
– As entrevistas que chegamos a fazer nós usamos como pesquisa. Tentamos recriar as falas do filme a partir dos depoimentos reais – contou Justiniano.

O Globo

Redação

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