Segundo Alexandre Rossato, o fogo começou por volta das 4h. Não havia ninguém na residência, que está fechado desde o dia do jogo entre Grêmio e Santos, pela Copa do Brasil, no dia 28 de agosto. O advogado diz que os bombeiros foram chamados e apagaram as chamas. A corporação, no entanto, diz que não atendeu nenhuma ocorrência na região da residência, localizada na Zona Norte de Porto Alegre.
De acordo com um dos irmãos de Patrícia, o fogo começou na frente da residência. Vizinhos perceberam as chamas, por volta das 4h, e apagaram antes que pudessem atingir o interior da casa. Nos últimos dias, ele esteve no local retirando pertences da jovem e populares jogaram pedras contra as paredes e gritaram “racista”, relatou.
Por volta das 5h da manhã, um vizinho ligou avisando um dos irmãos. O fogo se concentrou no porão, junto ao relógio de água. Também atingiu relógio de energia elétrica. A família está registrando a ocorrência na 14ª Delegacia de Polícia da capital. A Polícia aguarda perícia.
Diante da repercussão do caso, Patrícia evitou dormir em casa nos últimos dias. Ela se refugiou em residências de parentes e amigos para evitar retaliação. Nem a mãe diz saber de seu paradeiro. Pedras foram jogadas em direção a sua casa.
Na última semana, Patrícia prestou depoimento à polícia e fez um pronunciamento à imprensa. Ela negou ser racista e pediu perdão ao goleiro Aranha. "Eu quero pedir desculpas para o goleiro Aranha, desculpa mesmo, perdão de coração. Não sou racista. Aquela palavra macaco não foi racismo da minha parte. Não teve intenção racista. Foi no calor do jogo, o Grêmio tava perdendo. Peço desculpas pro Grêmio, para a nação tricolor, não queria nunca prejudicar o Grêmio. Desculpas para o Aranha. Perdão, perdão, perdão mesmo", declarou.
Entenda o caso
O incidente no jogo entre Grêmio e Santos, na Arena do Grêmio, ocorreu aos 42 minutos do segundo tempo, quando Aranha reclamou com o árbitro Wilton Pereira Sampaio, alegando ter sido vítima de xingamentos por parte da torcida. O juiz mandou a partida seguir, mesmo sendo alertado por jogadores do Santos dos incidentes que ocorriam fora de campo.
A jovem mostrada pelas imagens do canal ESPN foi afastada do trabalho no Centro Médico e Odontológico da Brigada Militar. Patrícia Moreira era funcionária de uma empresa terceirizada e prestava serviços de auxiliar de odontologia na clínica da polícia militar gaúcha. As imagens da torcedora ofendendo o goleiro santista começaram a circular pelas redes sociais logo após a partida. Aranha registrou boletim de ocorrência na 4ª Delegacia de Polícia na sexta (29).
As injúrias raciais proferidas por torcedores gremistas contra o goleiro tiveram mais um desdobramento. Em julgamento nesta quarta-feira (3), o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu, por unanimidade, exclur o Grêmio da Copa do Brasil. No primeiro duelo das oitavas da Copa do Brasil, os paulistas bateram os gaúchos por 2 a 0. O jogo de volta já havia sido suspenso até o julgamento do caso no STJD.
G1