Circuito Mato Grosso: Como o senhor tem tocado a campanha mesmo com o registro de candidatura impugnado pelo TRE? Já existe recurso junto ao TSE?
José Marcondes ‘Muvuca’: Pra mim a situação é tranquila, até porque nossos advogados cuidaram de fazer as devidas diligências e o caso foi para o TSE. Posso tranquilizar os simpatizantes da nossa candidatura que nós estaremos nas urnas. Não temos nenhum problema quanto a isso, até porque existe jurisprudência, no meu caso específico, de contas não prestadas em eleições anteriores. Este é o problema menor da minha campanha. É algo que pode ser revertido com tranquilidade. Meu nome estará nas urnas. Não levaria adiante a campanha se não tivesse esta certeza.
CMT: O senhor acredita que tem potencial para vencer esta eleição? Ou seria esta uma tentativa de ganhar visibilidade para disputar um próximo pleito eleitoral?
JM: Eu entrei nessa disputa com a disposição de vencê-la. Acho que o partido afirma sua identidade disputando eleições majoritárias. Acho até que todos os partidos deveriam colocar candidatura, desde que tenham condições e representatividade para se afirmar no processo eleitoral. Agora, eu sou contra essa coisa de balcão de negócios, venda de partido, coisa que o meu partido não aceita. Nós não nos colocamos na prateleira de negócios, muitos partidos são na verdade gangues partidárias que nesses acordos pré-eleitorais se vendem, barganham cargos, prestígio, poder e dinheiro para poder resolver seus problemas particulares. Nós não, nós estamos afirmando a identidade do Partido Humanista em Mato Grosso, lógico, com a disposição de vencer as eleições, de ir para o segundo turno. No entanto, enfrentamos a dificuldade financeira, que é visível para todos.
CMT: Candidato, o senhor considera a questão financeira como sua maior dificuldade neste pleito, ou talvez ela fosse os seus ‘adversários’ ou ainda o fato de ser novo na política?
JM: Você matou a ‘charada’: essas são as principais dificuldades. Lógico que o fato de não ser conhecido pesa, mas agora estaremos ganhando visibilidade e certamente as pessoas quando começam a conhecer nossos projetos, nossas propostas, começam a fazer melhor juízo até sobre a figura caricata que eu parecia ser com o apelido ‘Muvuca’. A maior dificuldade é, sim, a questão financeira, mas desde que entrei na candidatura já sabia que teria essa dificuldade, o que não me tira nenhum minuto de sono. Não aceito financiamento de empreiteiras, do agronegócio, que são os grandes financiadores dos meus adversários. Entrei nesta sabendo que não teria dinheiro para campanha, continuo não tendo, mas isso não me demove e não me faz recuar um milímetro desse desejo incontrolável de ir para o segundo turno.
CMT: O senhor tem sido enaltecido pelos programas do horário eleitoral e pela postura nos debates. Como tem recebido esses elogios?
JM: Na verdade, as pessoas não me conheciam e agora passam a conhecer. Essa visibilidade da campanha passa a mostrar na essência quem é a pessoa, sua história, o que ela propõe, e esses elogios eu recebo com muita simpatia. Isso me motiva a lutar por aquilo que acredito. Minha candidatura também é importante porque estou levantando e pautando grandes debates que outros candidatos não levantariam, como por exemplo, a questão do combate às drogas. Esse tipo de coisa certamente não entraria na pauta de debate com tanta força se eu não tivesse levantado a questão. Isso é o que eu sempre fui, mas que nunca foi enxergado ou exposto na mídia, nos jornais. Exposto publicamente, as pessoas passaram a ver quem realmente é o Muvuca.
CMT: Sobre seu passado como dependente químico, o senhor tratou do assunto já no primeiro dia da propaganda eleitoral e foi também um tema que seus adversários pautaram bastante durante o debate. De alguma maneira eles estão tentando descaracterizar seu discurso ou tratá-lo de uma forma inferior. Como o senhor avalia isso?
JM: Como essa questão pra mim transcende o processo eleitoral – para mim é uma missão de vida fazer esse resgate e continuar ajudando as pessoas – eu acredito que é uma vitória trazer para o debate e fazer com que meus adversários defendam isso. Traz o compromisso de qualquer um que venha a ser governador, estar fazendo um trabalho em relação a isso. Então, essa já é a primeira vitória que temos. A partir deste tema, nós desdobramos em todos os outros: a saúde pública, a segurança e a educação. Acho que já uma vitória minha. Se é para me neutralizar ou não, não importa pra mim. O importante é que esse tema entre em debate. Não me incomoda de maneira alguma, isso pra mim é muito mais uma missão de vida, independente do processo eleitoral.
CMT: Mudando um pouco o foco: sobre essa briga antiga com o candidato Pedro Taques (PDT), uma ‘rixa’ que já vem lá de trás, o que é que existe por trás disso tudo? É alguma questão de ordem pessoal?
JM: Tudo que era para ser falado em relação ao Taques já foi falado, estamos num processo eleitoral e eu não gostaria de pautar qualquer conversa em relação a essas questões que existem entre mim e ele, porque elas são muito pequenas diante dos dramas reais da população do Estado. Portanto, essa briga fica pra trás, estamos num processo eleitoral e prefiro debater isso.
CMT: Especificamente sobre o processo eleitoral, o senhor criticou duramente a ausência dele no último debate. O senhor mantém essas críticas?
JM: Ele foi tido pelo site Congresso em Foco – que inclusive é um site pago – como o melhor debatedor do Brasil. Ou o site mentiu e foi pago, ou ele realmente é, com perdão da expressão, um covarde, que se afugentou e fugiu do debate. Se é tão bom assim, que vá e enfrente seus adversários! ‘Ah, mas vou lá só pra ser criticado’. Ora, quem está no processo eleitoral tem que aceitar as críticas e enfrentar o debate. Eu, por exemplo, enfrento as minhas com toda a tranquilidade. Quem está disposto a entrar na eleição tem que estar disposto a se expor por completo. Quem não está disposto e preparado, não enfrente. Agora a questão da fuga dele, eu acho que é porque todos os candidatos estão explorando as incoerências na candidatura dele. Prega o novo e está com os Campos, o Mendonça, do Mendonçoduto, com o Galindo que vendeu nossa água, enfim, as forças do atraso que viram nele uma chance de voltar ao poder. Enfim, acho que ele está fugindo da grande verdade. O Pedro Taques, na verdade, a ‘Coragem e Atitude para Mudar’ é apenas um slogan de campanha, ele é um personagem ‘fake’. Tudo aquilo que se vê dele na televisão é falso. E ele prestou um grande desserviço à população quando não compareceu ao debate. Espero que compareça aos outros.
CMT: Nessa questão que o senhor pontua sobre democracia, moralidade, essas incoerências que já comentou sobre o Taques, muitos alegam que o senhor não tem o mesmo ‘tom’, até certo porto agressivo, em relação ao José Riva (PSD) – em que pesem os processos que ele responde na Justiça – ou ao Lúdio, por exemplo, que representa a continuidade da gestão Silval. O senhor acredita que essa briga com Taques, embora não queira comentar, faz com que as críticas sejam mais acentuadas em relação a ele?
JM: Se são mais ou menos acentuadas, aí são as pessoas que devem avaliar. As incoerências do Taques eu aponto, mas sou crítico também em relação ao Riva, que está aí há mais de 20 anos no poder e não resolveu nada. O Lúdio, por exemplo, representa as forças da continuidade, o poder instalado. Riva está agora falando que vai fazer, vai fazer, mas por que já não fez? Todos eles tiveram oportunidade. A minha posição é contra todas as panelinhas políticas que estão aí nas candidaturas, agora especialmente sobre o Taques, porque ele é o grande incoerente. O Lúdio admite que é defensor desse Governo que pra mim deixou a desejar e muito, enfim, o Taques quer manter a imagem de impoluto e na verdade, quando você abre a cortina, não é. Enfim, estou enfrentando todos da mesma maneira.
CMT: E como o senhor responde às alegações de que representaria uma candidatura ‘laranja’?
JM: Esta conceituação partiu do marqueteiro do Pedro Taques, que é o Antero (Paes de Barros), que disseminou que eu era um laranja de um ou outro candidato. É uma informação que vem do Comitê da Maldade e eles são bons para fazer isso, querem desqualificar nossa candidatura. Então, as pessoas que engoliram esse comprimido saibam que é um comprimido de placebo, falso. Na verdade, acho que laranja é quem usa a esposa para receber dinheiro de ‘caixa 2’. Agora eu posso confessar, sou laranja, mas sou laranja do povo. Enquanto todos os meus adversários são bagaços da laranja, todos eles indistintamente, salvo exceção, o ‘camarada’ do PSOL que eu não conheço muito bem.
CMT: Acompanhando as postagens do senhor no Facebook, em alguns momentos é possível perceber muitas críticas ácidas e acentuadas, especialmente em relação aos jornalistas, classe da qual o senhor faz parte. O que acontece? O senhor de vez em quando ‘perde as estribeiras’?
JM: Na verdade, a gente tenta se controlar ao máximo. Mas vou citar um caso: sites e jornais que usam a expressão ‘os três principais candidatos’. Eu queria deixar de público aqui que quem usa esse tipo de expressão presta um desserviço à sociedade. Parece que são tangenciados pela declaração de gastos de campanha, da conta bancária dos candidatos. Não existem três principais candidatos, eu não me sinto menor que ninguém. Embora eu tenha uma campanha modesta, estou enfrentando a tudo e a todos com a mesma vontade, a mesma garra.
CMT: Sobre a continuidade do processo eleitoral, o senhor tem fôlego para até 5 de outubro? Como o senhor vai conduzir o processo nos próximos dias?
JM: Agora que estou com mais fôlego! Nós aumentamos nossa equipe, estamos com trio elétrico, a direção nacional está nos apoiando, a Marina Silva (candidata à Presidência) vai gravar uma declaração pedindo voto pra mim aqui em Mato Grosso, e isso vai dar uma guinada nesta reta final. Nossa campanha segue dentro das nossas limitações, mas segue com muito mais vigor e mais vontade de chegar ao segundo turno.
CMT: Para finalizar: por que o eleitor deve depositar seu voto de confiança no número 31?
JM: Porque eu não apresento um conjunto de promessas, mas sim um rumo novo, diferente e contra todas essas panelinhas de poder que estão aí. Estou cansado de tudo isso, sou um militante, estou indignado e tenho a capacidade de transformar minha indignação em atos e fatos concretos para resolver os dramas reais da população, que precisam ser resolvidos urgentemente. Eu, somente eu, que não tenho ‘rabo preso’ com nenhuma empreiteira, com nenhum financiador de campanha, tenho condições de colocar dinheiro em caixa, de enxugar o Estado sem entregar secretarias para partido A ou B, cortar os gastos com comissionados, que são ‘cabidões’ de emprego e tenho condições de investir em gente, melhorar a vida do povo e atender às entidades e suas reivindicações. Serei um governador do povo. Vim do povo, minha candidatura surgiu das manifestações de junho de 2013, esse protesto e essa indignação toda têm que sair das ruas e chegar às urnas. Por isso, acho que sou mais qualificado, preparado e que realmente represento os interesses populares.