"Queriam que suas demandas fossem atendidas sob a mira de armas, mas ainda assim nossas portas seguem abertas à negociação", acrescentou.Milhares de seguidores de Imran Khan, um ex-astro do críquete convertido em político, e do clérigo Tahir ul-Qadri estão acampando em frente ao Parlamento desde 15 de agosto para pedir a renúncia do primeiro-ministro, Nawaz Sharif. Os opositores sustentam que as eleições legislativas de maio de 2013 que permitiram a Sharif chegar ao cargo pela terceira vez em sua carreira foram manipuladas, apesar de terem sido endossadas pela comunidade internacional.
Na noite de sábado tentaram invadir a residência do político, utilizando gruas para deslocar as barricadas.Na manhã deste domingo ainda ocorriam confrontos esporádicos entre a polícia antidistúrbios e centenas de manifestantes. Outros dormiam na grama.
Exército muito atento
Na avenida da Constituição de Islamabad, em geral muito organizada, era possível observar vários veículos incendiados na véspera, entre eles alguns da polícia.Dirigindo-se aos seus simpatizantes, Imran Khan disse: 'Não deixarei meu povo sozinho, e seguirei lutando até conquistarmos uma verdadeira independência para o Paquistão'.
"Os irmãos Sharif estão sedentos de poder. Não são sinceros com o povo, nem com o país". "Conseguiremos sua renúncia e os levaremos à prisão", acrescentou, também em referência ao irmão do primeiro-ministro, Shehbaz, chefe de governo da província de Punjab.O Instituto de Ciências Médicas do Paquistão (PIMS) informou sobre dois mortos nos confrontos, um homem ferido por balas de borracha e outro que faleceu devido a um ataque cardíaco.
Entre os mais de 400 feridos há dezenas de mulheres, algumas crianças e ao menos 79 agentes da polícia.O primeiro-ministro disse que seguirá no cargo. Os analistas acreditam que se prosseguir poderá precisar ceder em alguns pontos ante o exército, permitindo, por exemplo, que o ex-general e ex-presidente Pervez Musharraf, julgado atualmente por traição, abandone o país.Este cenário também foi reforçado quando na quinta-feira foi anunciado que o chefe do Estado-Maior, o general Raheel Sharif, vai mediar a crise.
O analista político Mosharraf Zaidi estima que a oposição pode estar tentando obrigar o exército a se envolver mais."O único objetivo é obrigar Sharif a renunciar, e talvez obrigar os militares a intervir", afirmou.Os líderes do protesto levaram às ruas de Islamabad milhares de pessoas, embora não tenham reunido um apoio maciço, em um país de 180 milhões de habitantes.Muitos dos manifestantes pedem abertamente que o exército retome o poder no Paquistão."Na noite passada, a polícia utilizou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra nós. Agora esperamos ajuda do exército, e temos esperança. Se Deus quiser o exército nos salvará", disse um manifestante de vinte anos, Ammara, nos protestos.
G1