Na terça-feira (27), a Justiça de Três Passos, no Norte do estado, realizou a primeira audiência de instrução do processo. Em mais de 11 horas, foram ouvidas quatro testemunhas de acusação. Uma nova audiência para ouvir outras sete testemunhas foi marcada para 8 de setembro.Ao todo, 77 pessoas devem ser interrogadas, além dos quatro réus. Depois disso, o juiz decidirá se os acusados irão ou não a júri popular.
O corpo de Bernardo foi achado no dia 14 de abril enterrado em um matagal em Frederico Westphalen, a cerca de 80 quilômetros de Três Passos, onde ele morava com a família. Ele estava desaparecido desde 4 de abril. São acusados pelo crime o pai dele, Leandro Boldrini, a madrasta, Graciele Ugulini, a amiga dela, Edelvânia Wirganovicz, e o irmão, Evandro Wirganovicz. Eles estão presos e respondem pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Com mais de quatro décadas e meia de atuação como advogado criminalista no estado, Amadeu Weinmann entende que não há dúvidas sobre o impacto do material divulgado nesta quarta-feira sobre eventuais jurados.Indubitavelmente vai influenciar na opinião deles, diz o criminalista. Weinmann também salienta que o diálogo revela uma ameaça sendo feita pela madrasta, Graciele Ugulini.
O também advogado criminalista e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS) Marcos Eberhardt, no entanto, pondera que o material não seria relacionado diretamente à morte do menino, mas sim ao contexto conturbado familiar dos Boldrini.O áudio tem relevância isoladamente, mas não consigo entender qual relevância vai ter dentro do processo. A relação (da família) era doentia, isso chama bastante atenção. É pesadíssimo e pode ser considerado por jurados, pela dor que causa ao ser ouvido, afirmou.
Há uma gritaria de socorro assustadora. Mas o mais grave vem mais adiante, quando ela diz que o menino não sabe o que ela é capaz de fazer. Isso é uma ameaça. O que eu depreendo, de uma interpretação literal do debate, é que realmente Graciele perdeu a paciência com Bernardo e ele reagiu forte dizendo que ela bateu, acrescentou Weinmann.Eberhardt também avaliou a postura do pai, Leandro Boldrini, que, para Weinmann, foi distinta.Ele interfere de uma maneira apaziguadora. Dá a entender que o Bernardo xingou a Graciele. Novamente tentando apaziguar, ele diz ‘que ninguém merece ser xingado’. Não vejo outra participação que não seja de tentar acalmar. Vejo uma briga de família. E parece que a Graciele perdeu as estribeiras.
O criminalista, porém, lembrou que, tecnicamente, haveria a chance de a prova não ser incluída do processo, pois não teria relação direta com o crime.Na minha opinião, não atrapalha a defesa. Pois não enxergo isso ligado ao fato. É um contexto isolado. Isso não foi um prelúdio.Mas, até pela exposição na imprensa, é muito possível que os jurados se comovam", destacou Eberhardt.Para o advogado Jader Marques, que defende o pai do menino, o material não só ajuda seu cliente como comprova a falta de provas da acusação. Jader reforça a inocência do pai de Bernardo como mentor do crime. "Ele aceitou uma relação péssima da madrasta com o seu filho. Os vídeos são realmente muito fortes, relevantes, mas que não têm nenhuma vinculação com o homicídio, sustentou Jader. O advogado de Graciele, Vanderlei Pompeu de Mattos, disse que a defesa dela só irá se manifestar nos autos do processo.
G1


