O Terminal de Xambá, em Olinda, recebe quase 50 mil pessoas todos os dias, mas amanheceu vazio nesta segunda. Vários passageiros esperavam na rua por caronas para ir trabalhar – só por volta das 8h30 os primeiros ônibus começaram a circular no local. O Terminal Integrado Pelópidas Silveira, em Paulista, também não tinha movimento no início da manhã. Já em Jaboatão dos Guararapes, rodoviários depredaram um ônibus que estava circulando, vindo de Jaboatão Velho em direção a Piedade. Quando o veículo passou em frente à garagem da empresa Vera Cruz, foi apedrejado e o pneu foi furado. O coletivo estava com passageiros, mas ninguém ficou ferido.
De acordo com a votação feita na reunião, os ônibus deixam de circular entre 4h e 8h. Às 14h, os trabalhadores vão se concentrar na Praça Osvaldo Cruz, na Boa Vista, área central do Recife, para um ato público, previsto para terminar às 16h. O sistema atende, diariamente, 2 milhões de passageiros, segundo o Grande Recife Consórcio de Transporte.Quem foi de metrô até o Terminal Integrado Tancredo Neves não conseguiu atravessar para a parte dos ônibus. Pela rua, também não era possível. Muitos acabaram sentando junto à grade, na esperança de surgir uma carona ou o terminal reabrir. "Hoje está mais difícil do que sexta (22) [quando houve paralisação parcial], mas entendo o lado deles. Foi uma injustiça o que fizeram", afirma o estoquista Lucas Marinho.
Também aguardando do lado de fora do Tancredo Neves, o ajudante de motorista Felipe Ferreira começava a acreditar mais em carona do que em ônibus. "Essa paralisação prejudica a eles que querem o aumento, mas à gente também. Esses empresários deviam era pagar logo, já foi julgado mesmo", reclama Ferreira.A empregada doméstica Jane Miranda não conseguiu ônibus no T.I. Joana Bezerra e resolveu dividir um táxi com a colega, Cilene dos Santos, que também trabalha em Boa Viagem. O patrão de ambas vai reembolsá-las depois. "Eu não esperava que fosse ser assim. Pior é que eles voltam às 8h, param às 14h. Como a gente vai pra casa?", questiona Jane.
O cuidador Paulo Ventura largou do trabalho na manhã desta segunda (25) e andou 25 minutos até o metrô. Ao chegar a Joana Bezerra, onde esperava conseguir um ônibus para Aguazinha, se viu obrigado a sentar na calçada e abrir a biblía para ler enquanto esperava. "Tinha que ter algum coletivo rodando, a gente não pode ficar nessa situação, sem transporte algum", reclama.
O vendedor Leandro Braga também teve andar para chegar ao metrô, em Jaboatão. Trabalhando em um shopping na divisa entre Olinda e o Recife, ele aguardava o gerente da loja vir buscá-lo. "Se ele não viesse, minha única alternativa seria voltar para casa. A gente sofre com greve de ônibus, mas a culpa não é deles", afirma.O Grande Recife informou que pediu reforço da Secretaria de Defesa Social, além dos fiscais que já operam, para dar condições de trabalho a quem quisesse atuar. Entretanto, o que se tem informação é de que os terminais não estão funcionando – porque não há ônibus rodando.
Patrões
Em nota divulgada no domingo (24), o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado de Pernambuco (Urbana-PE) convocou todos os empregados para retornar imediatamente ao trabalho. O texto classificava a greve como "intempestiva e violenta", "num claro desafio à decisão do Tribunal Superior do Trabalho". A nota do Sindicato "repudia os atos de vandalismo e de violência, que causam danos irreparáveis aos direitos fundamentais da sociedade, e conclama ao debate sereno para a busca de soluções duradouras para o sistema, sem interrupções na prestação do serviço de transporte público".
G1