À Agência Brasil, Cavanellas disse que o Into ainda não tomou conhecimento oficialmente dos prazos estabelecidos pela Defensoria Pública da União para por fim à fila no órgão. Ele deixou claro, entretanto, que a resolução do assunto é competência do Ministério da Saúde e do SUS. “Não é o Into que vai resolver. Acho que deveria envolver todos os hospitais da rede”.
O vice-diretor informou que há uma proposta de assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público para tentar melhorar a gestão da fila e atender melhor aos pacientes. “A Defensoria Pública poderia ter vindo aqui para tratar esse assunto com a gente também”. Ele salientou que o Into atende a doentes de todo o país e ponderou que se os demais hospitais ortopédicos fizessem cirurgias de baixa complexidade, isso aliviaria a demanda do Into.
Outro problema, segundo Cavanellas, é a falta de profissionais treinados. O concurso público que a Defensoria Pública definiu que deve ser aberto no prazo de 60 dias vai contratar somente médicos novos, cuja preparação para os procedimentos de alta complexidade no Into demandará tempo. “Só vai entrar médico novo. Esse médico vai demorar cinco anos para efetuar uma cirurgia de coluna. Ele terá que ser preparado”. Ele destacou, ainda, que os médicos do Into têm as mesmas condições salariais que os demais hospitais federais.
Entre outras medidas, a Ação Civil Pública (ACP) da DPU no Rio de Janeiro requer que a União apresente, no prazo de 160 dias, um plano concreto de ações para cirurgias e procedimentos médicos em 14.077 pessoas que estão, no momento, na fila de espera e pede que a Justiça estipule prazo máximo de dois anos, a contar da intimação da decisão liminar, para que essas operações e demais procedimentos médicos necessários sejam efetuados.
Cavanellas lembrou que, desde o ano passado, que foi um ano de mudança de direção do órgão do Ministério da Saúde, o Into vem sendo fiscalizado por auditores do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), do Tribunal de Contas da União (TCU), do Ministério Público, em função do problema da fila.
“Fila hoje é um fardo pesado para a gente, porque a nossa demanda é muito maior do que a nossa produção”. Desde 2013, o Into vem efetuando uma série de ações, envolvendo mutirões para cirurgias de diversas especialidades ortopédicas com o objetivo de reduzir a fila de espera. “Tanto que ela diminuiu de 21 mil para 14 mil”, disse Cavanellas.
Em 2013, foram feitos 15 mutirões cirúrgicos nos quais mil pacientes foram operados de problemas ortopédicos de alta complexidade. “Fizemos uma revisão de filas, recadastramento das filas maiores, que são prótese de joelho e de quadril. Temos tomado diversas medidas para agilizar a fila ou tornar essa fila mais coerente, mais humana, mais rápida”. O vice-diretor admitiu, por outro lado, a possibilidade de que algum paciente mais velho não tenha sido recadastrado. No ano passado, Naasson Cavanellas informou que o número (de cirurgias) do Into foi 42% maior do que em 2012, somando quase 10 mil cirurgias.
O ideal, segundo Cavanellas, é que a rede pudesse fazer a gestão de todas as filas, porque há muitos pacientes no Into que poderiam estar em outras filas também. Ele disse que, muitas vezes, os pacientes convocados pelo Into não respondem ao chamado. Muitos são operados em outros hospitais e permanecem na fila do instituto.
Cavanellas insistiu que todos os cuidados são tomados no Into para que a fila seja transparente, ao contrário de notícias veiculadas na imprensa. “A fila é absolutamente transparente, todo mundo vê onde está. Só que a coisa é complexa. Há filas aqui que têm 3 mil doentes”, disse. Ele esclareceu ainda que o Into “não é uma fábrica de cirurgia”.
O hospital é reconhecido internacionalmente, investe em ensino e pesquisa. “Tem outros braços aqui que ninguém enxerga. Só enxerga o Into como uma fila, uma fábrica de operar pacientes”, criticou. “O Into é um hospital referenciado. É por isso que todo mundo quer operar aqui, porque tem um atendimento de qualidade”.
Agência Brasil