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PMs alegam ter atirado 8 vezes para se defender de tiros de pichadores

 
Laudos periciais são aguardados para comprovar ou não a versão dos PMs.O G1 teve acesso ao que o tenente Danilo Matsuoka, 28, o sargento Amilcezar Silva, 45, e os cabos Adilson Perez Segalla, 41, e André de Figueiredo, 35, disseram à Polícia Militar (PM). Eles, que fpram detidos administrativamente e 6 de agosto, foram presos temporariamente no dia seguinte por determinação da Justiça Militar. Atualmente, eles se encontram no Presídio Romão Gomes, na Zona Norte da capital. A defesa dos investigados vai pedir a liberdade dos agentes.
 
Nos documentos, os policiais relataram ter tido informações de que Alex e Ailton, na verdade, eram, inicialmente, indivíduos não identificados que haviam adentrado o Edifício Windsor, na Avenida Paes de Barros, na Mooca, no final do mês passado, para roubar.Para as famílias das vítimas, no entanto, os dois homens mortos eram pichadores e não criminosos armados. Segundo os parentes, eles haviam invadido o condomínio residencial para pichar. Apesar disso, não foram apreendidas latas de spray de tinta nas suas mochilas.
 
 
Além do mais, nas oito folhas de interrogatórios, os policiais não mencionam em qualquer momento a palavra pichar, ou outras, como, pichação ou pichadores. Os mortos são tratados como infratores pelos agentes, que registraram o caso na Polícia Civil como morte decorrente de intervenção policial.Posteriormente, as investigações foram assumidas pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e Corregedoria da PM, que pediu a prisão deles por entender que houve "conduta irregular" na ação que resultou na morte dos pichadores. Foram analisadas câmeras de segurança que mostram Alex e Ailton entrarem no prédio, no hall e no elevador. As imagens também gravaram a chegada dos policiais. Não há registro de cenas do tiroteio.
 
Ainda em seus depoimentos à corporação, os PMs contaram que fizeram varredura até o 18º andar.Viram a porta de um apartamento entreaberta e entraram em busca dos indivíduos. Lá, se dividiram: o tenente Danilo e o cabo Adilson foram para os fundos do imóvel, onde Ailton estaria armado com uma pistola 380. Enquanto o sargento Amilcezar e o cabo André se dirigiram à cozinha, para onde teria ido Alex com um revólver calibre 38.Sem precisarem horários, os policiais disseram ter ficado a distâncias que variam entre 2 metros a 4 metros dos suspeitos. Relataram que ao se aproximarem, foram recebidos a tiros por Aílton e Alex, que fez três disparos. Os PMs revidaram atirando oito vezes.
 
Os agentes usaram pistolas .40. As armas deles e as atribuídas às vítimas foram apreendidas para análises de balística no Instituto de Criminalística da Superintendência da Polícia Técnico-Científica. Também não há informações sobre quantos tiros atingiram os pichadores. A maior parte dos ferimentos foi no tórax.
 
Danilo disse que disparou duas vezes e Adilson contou ter dado um tiro.O infrator efetuou disparos em direção ao interrogado, que diante das agressões o interrogado e o cabo PM Segala revidaram efetuando disparos em direção ao infrator, que foi atingido e caiu no solo, disse o tenente no seu interrogatório.Foi solicitado resgate no local, onde foi constatado o óbito de ambos os indivíduos.
 
Amilcezar afirmou ter gritado polícia antes de revidar três vezes os tiros que recebeu.Visualizou um indivíduo com uma arma na mãos e na sequência efetuou disparos em sua direção, informa o relato do sargento, que ficou ferido ao ser baleado, segundo ele, por um dos agressores.Na tentativa de se proteger deu um passo para trás por ter sentido um tranco no braço; foi quando o interrogado percebeu que foi atingido por um disparo de arma de fogo em seu braço esquerdo.
 
Um laudo irá confirmar se a bala que atingiu Amilcezar partiu da arma atribuída aos suspeitos ou foi disparada pelos próprios PMs. Em seu interrogatório, André falou que fez dois disparos.Nos quatro relatos que os policiais deram, eles foram unânimes ao responder a pergunta feita pela PM se havia como ter evitado o confronto. Não, pois deparou com o infrator com a arma nas mãos e disparando-a contra a guarnição, declararam todos os agentes investigados.
 
Procurado pelo G1 para comentar o assunto, o advogado João Carlos Campanini, que defende os PMs, afirmou que após ter negado o pedido de habeas corpus para seus clientes no Tribunal de Justiça Militar (TJM) irá procurar o Superior Tribunal de Justiça (STJ) para pedir a liberdade deles. Essa prisão temporária de 30 dias não poderia ter sido decretada pela Justiça Militar porque não está prevista em casos de homicídio praticados por PMs durante serviço, disse o defensor.Os PMs detidos também estariam respondendo a outros processos por conta de ações que resultaram em mortes. A equipe de reportagem não conseguiu localizar os parentes das vítimas para comentar o assunto.
 
G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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