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Quadrilha presa no RS ostentava dinheiro e desafiava polícia na internet

 
A investigação durou mais de três meses e envolveu duas delegacias de Porto Alegre. A Operação Ostentação começou quando a polícia percebeu que vários crimes cometidos na Zona Sul da cidade apontavam para o mesmo grupo de jovens.A maioria deles de classe média. Acabavam entrando no mundo do crime porque dava muito dinheiro, eles estavam ganhando muito dinheiro com a prática criminosa, afirma o delegado Luciano Peringer, responsável pela operação.É uma quadrilha muito perigosa. Praticava roubos, assaltos e até tráfico de entorpecentes. "Acreditamos que sejam em torno de 200 assaltos, do inicio do ano para cá, acrescenta outro policial.
 
O bando era chefiado por Gustavo Maineri da Silva, de 32 anos. A namorada dele, Raila Saraiva, é policial militar. Ao invés de proteger as vítimas, ela ajudava os bandidos. Em uma escuta telefônica obtida pela polícia, ela aparece se oferecendo para comprar uma arma para o namorado criminoso:
Raila: "Tem uma 765" (arma).
Gustavo: "Quem tem?"
Raila: "Lá…750" (reais).
Gustavo: "Tá, é minha. Compra, fala que é contigo".
Raila: "Já falei, já que amanhã eu deposito o dinheiro".
 
De acordo com a polícia, a especialidade do bando era roubo de carros.Cada carro roubado era vendido pelo valor de R$ 2 a R$ 3 mil. Eles chegaram a roubar em um final de semana, na verdade em dia, num sábado, 14 veículos, afirma o delegado.Todas as ações aconteciam de forma rápida e sempre da mesma maneira. Imagens feitas por câmeras de segurança flagraram um dos roubos. No vídeo, uma família aparece entrando no carro. Logo em seguida, outros dois carros chegam em alta velocidade. Os bandidos saltam e ordenam a retirada dos passageiros. Eles entram e arrancam com o automóvel roubado.
 
Desta vez ninguém saiu ferido. Mas um policial militar, que foi rendido pelos bandidos durante um assalto, levou dois tiros ao tentar reagir. "Eu ouvi que ele falou assim: 'Atira e mata, que é polícia'. Ele encostou o revólver no pescoço e efetuou o disparo. E, mesmo assim, eu caído, ele me deu mais um tiro na cabeça, ele lembra.Uma mulher que não quer ser identificada também teve seu carro levado pela quadrilha.Eu estava estacionada na rua com o meu filho dentro do carro, quando eu fui abordada. Eu desci do carro com meu filho e eles saíram em alta velocidade. E aí eu encontrei a outra moça que tinha sido roubada. Aí que eu percebi que tinham sido roubados dois carros naquele momento, relata a vítima.
 
Além de carros, os bandidos também assaltavam casas, lojas e até um banco, de onde foram levados cerca de R$ 280 mil. Tudo que conseguiam levar ia parar nas redes sociais. Os criminosos faziam questão de postar fotos mostrando o fruto dos roubos: joias, armas, relógios de ouro e muito dinheiro.Um deles aparece até botando fogo em várias notas de R$ 100. Nem o gato de um dos bandidos escapou, com um cordão de ouro e deitado numa cama de notas de dólares. A ousadia era tanta que um deles aparece vestindo uma camisa da polícia com o comentário: Eu sou a lei.
 
Mas foi justamente tanta ostentação que ajudou a polícia a identificar os criminosos. Uma das vítimas reconheceu os objetos roubados pelas postagens na internet. este relógio é meu e aquele monitor também, diz ela, apontando para a foto.Na outra foto o mesmo criminoso estava utilizando o meu antigo relógio. E comecei a acompanhar o dia a dia deles. é um diário do crime. É muita ostentação, acrescenta a vítima.Na última terça-feira (29), 300 policiais civis conseguiram prender parte da quadrilha. No total, foram cumpridos 52 mandados de busca e apreensão e 31 mandados de prisão em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Mas nove bandidos que aparecem nas fotos continuam foragidos.
 
Um deles, de 17 anos e que teve o pedido de apreensão negado pelo Juizado da Infância e é considerado o mais violento do grupo, não se intimidou e desafiou as autoridades nas redes sociais. Na manhã em que seus comparsas iam presos, ele debochou, rindo.Colocam na rede social em tom de deboche, atrevimento. Uma afronta à sociedade, diz uma das vítimas.
 
G1

Redação

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Reportagens realizada pelos colaboradores, em conjunto, ou com assessorias de imprensa.

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